quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Lula, não basta dizer que “foi mentira”




Sempre falastrão e até mesmo agressivo contra os que lhe fazem oposição legítima, o ex-presidente Lula praticamente se calou.

Os escândalos se sucedem e temos notícias apenas de manifestações esparsas como dizer que “foi apunhalado pelas costas”, com relação às tramoias de sua secretária Rosemary Noronha.

Agora, quando se revela que o operador do esquema do mensalão, Marcos Valério, afirmou ao Ministério Público que Lula se beneficiou pessoalmente de todo o esquema criminoso, o ex-presidente se limita a classificar as denúncias como mentira. "Eu não posso acreditar em mentira, eu não posso responder mentira”, afirmou.

Os defensores políticos de Lula passaram o dia de ontem a tentar desqualificar Marcos Valério. O empresário chegou a ser considerado um “delinquente” pelo líder do PT na Câmara, Gilmar Tato.

A presidente Dilma Rousseff considerou o depoimento de Marcos Valério à PGR uma “lamentável” tentativa de destituir o respeito que o povo brasileiro tem a Lula. Mas que respeito pode sobreviver a fatos amplamente desfavoráveis?

Estadão trouxe hoje mais novidades sobre o caso. De acordo com Valério, os contratos de publicidade do Banco do Brasil só eram aprovados quando se decidia a caixinha para o PT. 

Para os governistas, utilizar Marcos Valério para montar um esquema criminoso foi algo permitido. Agora, acreditar em suas palavras, é algo inadmissível.

Com relação às “despesas pessoais” de Lula, Valério disse ter feito pagamentos para Freud Godoy, ex-segurança do ex-presidente e um dos “aloprados de 1996”, ainda beneficiário do Fundo Partidário do PT.

Lembrou hoje a colunista Dora Kramer: na quebra de sigilo ordenada pela CPI dos Correios, em 2005, aparece o registro de R$ 98.500 depositados na firma de propriedade de Freud Godoy assessor direto de Lula, coordenador de segurança de suas quatro campanhas presidenciais e até 2006 com sala no Palácio do Planalto.

O presidente do Supremo Tribunal Federal já se posicionou “oficiosamente” sobre o caso. Na opinião de Joaquim Barbosa o ex-presidente Lula deve ser investigado.

De acordo com o colunista da Folha de S. Paulo, Fernando Rodrigues, se as declarações de Marcos Valério tivessem ocorridos em 2005, auge do escândalo do mensalão, seria inevitável a abertura de um processo de impeachment contra Lula.

Curiosa mesmo foi a reação do jornal Le Monde, que em 2009 considerou Lula o homem do ano, em 2010 o defendeu como presidente da ONU, em 2011 o chamou de “rock star” e agora o colocou como suspeito de ser um dos comandantes do processo do mensalão, nas palavras de um dos líderes do esquema.

Para que as declarações de Marcos Valério não passem de blefe é preciso que o empresário apresente as provas.

Para o presidente do Democratas, José Agripino, a estratégia de Valério tem a ver até com a preservação de sua vida. "Ficou evidente, pelas declarações dadas por ele ao Ministério Público, que Valério quer falar. Ele tem medo de morrer e resolveu abrir o jogo. A situação ainda se complica mais porque, no depoimento, é dito que foi o PT que pagou o advogado de Valério. Era outra forma de silenciá-lo", afirmou.

A oposição tem agido no sentido de esclarecer os fatos. Já pediu ao Ministério Público cópias do depoimento de Valério e quer que o empresário seja ouvido na Comissão de Constituição e Justiça.

Com certeza, o governo tentará barrar o depoimento do empresário, assim como fez com outras pessoas suspeitas de negócios ilícitos como a própria Rosemary Noronha.

Se continuar essa toada, a maior tarefa da coordenação política do governo será não permitir que os inúmeros assessores encrencados de Lula apareçam pelo Congresso para prestar depoimentos à nação.

Mas independentemente do que ocorra, o ex-presidente Lula tem histórias mal contadas demais para explicar.

Fonte: Imprensa Democratas

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