Os novos dados divulgados na semana passada do Censo 2010, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Brasil avança a passos bastante lentos em tarefas fundamentais da chamada área social, como o combate à violência, o fim do analfabetismo, e a diminuição da desigualdade de renda.
Os números oficiais decepcionaram aqueles que propagandeavam a ilusão de que o Brasil havia avançado excepcionalmente na era Lula. Veja abaixo algumas conclusões marcantes do Censo:
O analfabetismo caiu apenas discretamente em uma década. A taxa entre as pessoas de 15 anos ou mais anos foi de 13,6% em 2000 para 9,6% em 2010. Isso significa que há 13,9 milhões de brasileiros analfabetos, quase 40% deles com mais de 60 anos.
Porém, há desigualdades regionais. A taxa de analfabetismo é de 5,4% no Sudeste, 5,1% no Sul, 7,2% no Centro-Oeste e 11,2% no Norte. O estado com o pior índice do Brasil é Alagoas (22,5%).
No Nordeste rural, o índice de analfabetismo chega a 32,9%. Ou seja, atinge um a cada três adultos.
Um dado positivo foi a queda do analfabetismo na faixa entre 10 a 14 anos de idade. De 7,3% para 3,9%. O percentual de crianças de 7 a 14 anos que não frequenta a escola caiu de 5,5% em 2000 para 3,1% em 2010. Já entre a população entre 15 a 17 anos, esse índice caiu de 22,3% para 16,7%.
Devido à violência, para cada mulher entre 20 e 24 anos que morre no Brasil, o País perde quatro homens na mesma faixa etária.
O índice varia em cada estado. Em Alagoas, por exemplo, morrem oito homens para cada mulher devido a causas como homicídios ou acidentes de trânsito.
Na área da mortalidade infantil, alguns avanços, apesar da desigualdade. O Censo registrou 3,4% de mortes de crianças menores de um ano no País em 2010, em relação a todos os óbitos. Em 1980 o percentual era de 23%.
No maranhão, o índice chega a 7% e no Amazonas a 8%.
Os avanços em três décadas se devem ao maior acesso aos serviços de saúde. Mesmo assim, os índices de óbitos na área rural são 118,9% maiores do que na área urbana.
Avanços também nos índices de emprego formal. Passaram de 54,8% da população em 2000 para 65,2% dez anos depois.
A desigualdade continua grande. Segundo o Censo, os 10% mais ricos são donos de 42,8% do patrimônio nacional. Já os 10% mais pobres ficam com 1,3%. Metade da população brasileira tem ganhos médios de R$ 375 por mês, valor abaixo do mínimo (R$ 510).
1% da população mais rica concentra renda igual a dos 40% mais pobres.
O perfil familiar dos brasileiros tem mudado rapidamente. Segundo o IBGE, as mulheres já estão à frente de 38,7% dos domicílios. Em 2000 esse índice era de 24,9%. Já são 29,6% os domicílios brasileiros onde a responsabilidade pela residência é compartilhada.
Esses números não significam que a igualdade entre os gêneros esteja próxima de ser conquistada. Os homens ainda ganham por mês 42% a mais do que as mulheres: R$ 1.395 contra R$ 984, em média.
Já o risco de explosão populacional está cada vez mais distante. Hoje, o número médio de filhos por cada mulher é de 1,86. Há uma década era de 2,38 filhos.
A diminuição das taxas de fecundidade na última década foi drástica no Norte (23,5%) e no Nordeste (25,2%).
Como o governo não desenvolveu nenhuma campanha massiva nesse sentido nos últimos anos, trata-se mais de um avanço da sociedade do que resultado de uma política de Estado.
Na área de consumo, muitos avanços. Entre todos os bens duráveis, o computador foi o que aumentou mais sua presença no País de 2000 a 2010: de 10,6% para 38,3% dos domicílios.
No Brasil de hoje, 39,5% das residências contam com automóveis particulares (eram 32,7% em 2000). Já o número de casas com máquina de lavar roupa subiu de 32,9% para 47,2%.
Com relação à questão de cor, desigualdade. O Censo aponta que nas cidades com mais de 500 mil habitantes o ganho dos brancos é 2,4 vezes maior do que o dos negros (que incluem pardos e pretos, na classificação do IBGE). Mas, segundo o Instituto, a renda dos pretos, isoladamente, é maior do que a dos pardos.
Somados com os índices do IDH, também publicados este mês, os dados do Censo mostram que o País está muito longe do paraíso anunciado pelo marketing do governo com relação às conquistas da sociedade. Há muito mais a ser feito do que tarefas concluídas. Obviamente não foi uma década perdida. Mas, pelos números do IBGE, também não foram dez anos de avanços velozes na área social.
Fonte: Imprensa Democratas
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