Petistas e aliados concordam que os dois governos são
indissociáveis
A oposição reagiu à entrevista em que a presidente Dilma
Rousseff, no jornal “Folha de S. Paulo” afirma que não haverá o “Volta Lula”
porque ele nunca teria saído. Para os líderes da oposição, Dilma mostrou
fragilidade ao admitir que age à sombra de Lula. Em sua página de rede social,
o senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) criticou a “obsessão” de Dilma
pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, citado duas vezes na entrevista,
e considerou que Dilma anunciou ao país que “o governo não fará nenhum esforço
no sentido de diminuir sua estrutura e, com isso, reduzir o seu custeio”
Na entrevista, a presidente negou todas as dificuldades
econômicas apontadas inclusive por parlamentares de sua base e pelo próprio
Lula, e garantiu que o governo cumprirá a meta de inflação pelo décimo ano
consecutivo. E lembrou que Fernando Henrique não cumpriu a meta em três dos
quatro anos dele em que a meta vigorou.
Fernando Henrique está em viagem à Europa, segundo sua
assessoria, e Lula não quis comentar a entrevista..
PARCERIA É EXALTADA
“Ao insistir em comparar o seu governo com a gestão do
ex-presidente, a presidente Dilma zomba da inteligência dos brasileiros ao
tratar apenas de números absolutos, ignorando as gigantescas diferenças entre
as conjunturas das duas épocas” defendeu Aécio. “O sentimento que fica ao final
da entrevista é o de um governo incapaz de novas iniciativas, refém das
circunstâncias que o cercam. Enfim, um governo que chegou ao seu final de forma
extremamente prematura” acrescentou.
O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), exaltou a parceria
entre Dilma e Lula. Para o petista, no início do governo houve uma tentativa de
despregar a imagem do ex-presidente à nova gestão.
- Lula, Dilma e o PT são três seres que não se separam, nem na
alegria, nem na dor. O que a presidente disse é a expressão do sentimento que
perpassa toda a base do PT. No início do governo, houve uma tentativa de
dissociá-la do Lula, como se tudo que ele tivesse feito não servisse e ela
fosse a gestora que iria mudar as coisas, mas isso não colou.
O deputado reforçou, no entanto, que associar Lula a Dilma não
significa que será indiferente para o partido qual dos dois será o candidato em
2014:
- A Dilma é a candidata do PT, não é o Lula. Ele terá o papel de
nosso porta-estandarte, de sair pelo Brasil mostrando nossas realizações.
Para o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), a
declaração de Dilma sobre a indissociabilidade com Lula confirma o que a
sociedade brasileira já desconfiava:
- Ela é uma marionete, o poder é exercido, nas sombras, por
Lula. Isso é muito ruim, nenhum país consegue ser bem administrado por alguém
que está nas sombras. E deu uma demonstração de que o governo dela é guiado
pelo fisiologismo. Ela só consegue montar sua base em função de tantos ministérios
para distribuir entre os petistas e aliados. É puro clientelismo, não tem nada
de interesse público nisso. Tudo o que ela diz é uma demonstração de quão
incompetente e inepto é o governo dela.
O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), avaliou que as declarações da
presidente são uma tentativa de dividir com Lula e o PT a responsabilidade
pelos “acertos e desacertos” de seu governo, em um momento de queda brusca de
popularidade.
- Ela colocou claramente que a responsabilidade pelo malogro do
governo não é só dela. É uma forma de se associar ao Lula e ao PT para dividir
seu insucesso. Ela resolveu adotar um discurso demagógico. Basta olhar o resto
do mundo: só países de quinta categoria têm tantos ministérios. Dá para cuidar
das minorias sem esses ministérios que, até hoje, não mostraram a que vieram
disse – Agripino.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), concorda com a
presidente quando ela associa seu governo a Lula. Para o deputado, o sucesso e
o fracasso de um são estendidos ao outro.
- Realmente, não dá para separar uma coisa da outra, então não
existe volta Lula e fica Dilma, não dá para dissociar. A responsabilidade já é
comum, não pelos motivos que ela coloca, mas porque, para o eleitor, ela foi
escolhida e bancada pelo Lula.
Cunha, que é autor de uma PEC para limitar o número de
ministérios, criticou a presidente por ter se posicionado contrária à
diminuição de pastas.
- Vamos manter nossa proposta, existe um simbolismo em reduzir,
porque você passa para a população que quer cortar gastos. Com menos
ministérios, temos menos ministros, menos secretários-executivos e menos
pessoas usando avião da FAB.
Os presidenciáveis Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva foram
procurados pelo GLOBO e não foram encontrados. A assessoria de Campos não retornou
as ligações, e a de Marina informou que, por ser domingo, ela estaria com a
família e não iria comentar.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário