segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mais um ministério a ser faxinado


As suspeitas de corrupção já afastaram os ministros da Casa Civil, dos Transportes e da Agricultura. O ex-ministro do Turismo caiu devido ao uso indevido dos recursos públicos. Agora, a espada de Dâmocles pesa sobre o ministro do Esporte, Orlando Silva, do PC do B.

Dois integrantes confessos de um esquema de desvio de recursos acusaram o ministro de participação direta em fraudes, de acordo com reportagem publicada na última edição da revista Veja.

Militantes do PC do B, o policial militar do Distrito Federal João Dias Ferreira e seu auxiliar, Célio Soares Pereira, disseram à revista que o ministro recebeu dinheiro desviado do erário público pessoalmente na garagem do ministério. Célio Pereira, que admite ter entregado os pacotes, foi candidato a deputado distrital em Brasília no ano de 2006. Não se elegeu.

Em abril de 2010, o mesmo Célio Pereira foi preso na Operação Shaolin, da Polícia Civil do Distrito Federal, suspeito de participação no desvio de R$ 2 milhões repassados pelo programa Segundo Tempo, do Ministério, a duas ONGs presididas por ele.

Disse Célio Pereira à Veja: "Eu recolhi o dinheiro com representantes de quatro entidades aqui do Distrito Federal que recebiam verba do Segundo Tempo e entreguei ao ministro, dentro da garagem, numa caixa de papelão. Eram maços de notas de 50 e 100 reais".

Segundo a revista: “funcionava dentro do Ministério do Esporte uma estrutura organizada pelo partido para desviar dinheiro público usando ONGs amigas como fachada. E o mais surpreendente: o ministro Orlando Silva é apontado como mentor e beneficiário do esquema”.

O ministro Orlando Silva estava no México, junto com a delegação brasileira do Pan-Americano. Apesar de admitir conhecer Célio Pereira, afirmou que as acusações são uma “trama farsesca”. Pretende se explicar no Congresso.

O programa Segundo Tempo foi criado para financiar atividades esportivas em comunidades carentes por meio de repasses a ONGs. Porém, os recursos nunca tiveram destinação correta em sua totalidade. Os desvios podem chegar a R$ 40 milhões.

Segundo a polícia, ONGs usaram notas fiscais falsas para simular compras de materiais esportivos. Uma entidade assinou convênio com o ministério para beneficiar 10 mil crianças. A polícia concluiu à época que o dinheiro desviado foi usado por João Dias Ferreira para construir uma mansão, adquirir carros luxuosos e montar três academias.

Um dos convênios com as ONGs de Ferreira foi assinado na gestão do então ministro Agnelo Queiroz, na época filiado ao PC do B e hoje governador do DF pelo PT.

O segundo foi assinado já na administração Orlando Silva.

Em seu papel de oposição responsável e fiscalizadora, o líder do Democratas na Câmara, ACM Neto já pediu a saída de Orlando Silva até o esclarecimento das denúncias. Para o parlamentar, comprovada as acusações, “demissão é pouco”.

A prova do dolo cabe a quem acusa. O ministro, portanto, tem todo o direito de alegar inocência. Mas o titular do Esporte, entretanto, ainda tem outros problemas políticos sérios a enfrentar. De acordo com algumas análises publicadas em jornais, o PCdoB teria espaço excessivo na Esplanada do Ministério em relação ao seu tamanho.

O partido, além do Ministério do Esporte, comanda a Agência Nacional de Petróleo (ANP), que em tese deveria ser apartidária. A presidente Dilma Rousseff já teria percebido que essa representação está distorcida e pretende cortar espaços do PC do B na próxima reforma ministerial, prevista para janeiro.

Enquanto isso, as obras para a Copa do Mundo de 2014 estão bastante atrasadas por todo o Brasil. Das 49 ações de mobilidade urbana, apenas nove já foram iniciadas.

Como os estádios pelo menos devem ser concluídos no prazo, com certeza os jogos serão realizados. Mas o Brasil pode perder a chance de oferecer à população um legado definitivo em obras como avenidas, aeroportos ou sistemas de transporte urbano. Tudo isso pode ir para o ralo devido à má condução política e administrativa.

Vê-se que as Marchas contra a Corrupção que se espalham por todo o país possuem razão concreta para existir. A sociedade parece ter cansado de tolerar o uso ilegal de seu próprio dinheiro para fins particulares ou partidários. Pior ainda, com a omissão dos detentores do poder.

O governo federal tentou capitalizar as mudanças no ministério como se uma grande transformação estivesse em curso, conduzida pela presidente Dilma. Mas a verdade é que cabeças só rolaram após fortes denúncias na imprensa, nunca por iniciativa isolada do Planalto.

Fonte: Imprensa Democratas

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