quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A inflação vence o governo




Se existe uma área na qual o governo Dilma Rousseff deve ser vigiado de perto é a política de combate à inflação. Em vários momentos, a equipe econômica e mesmo o comando político parecem ser negligentes no controle de um mal que atormentou os brasileiros por décadas: a alta descontrolada dos preços.

A inflação este ano deve atingir 6,4%, de acordo com previsão do próprio Banco Central. O BC, entretanto, admite que chegam a 45% as chances desse índice ser ainda maior e bater o teto da meta para 2011, de 6,5%.

O pior é que o governo já jogou a toalha a médio prazo. Integrantes da equipe econômica acham que a inflação voltará para o centro da meta apenas em 2013.

Já o Índice Geral de Preços ao Consumidor (IGP-M) subiu 0,65% em setembro, acumulando alta de 7,46% em doze meses.
As contas ao consumidor muitas vezes têm sido mais salgados do que os índices oficiais. As mensalidades das escolas privadas em Minas Gerais, por exemplo, se elevaram, em média, 12%.

O governo também ajuda a alimentar o “monstro” com medidas como aumento deliberado do crédito e o descontrole na política de câmbio (a moeda americana valorizou-se 15% no período de um mês).

Ainda colaboraram com o aumento de preços medidas protecionistas como a elevação do IPI para automóveis importados. Com menos concorrência, fabricantes nacionais aumentaram seus preços.

O que mais alimenta a alta dos preços por aqui, entretanto, é a explosão dos gastos públicos. Apenas este ano, o aumento das despesas do setor foi de 15%.

Apesar de tudo, o governo praticamente só tem utilizado uma arma para combater a inflação, as taxas de juros, que ainda são as mais altas do mundo. Apenas este ano, o governo já despendeu R$ 160 bilhões com juros, o equivalente a 6% do PIB.

Ao ser descuidado com a questão, o governo parece contar com o desconhecimento de parcela expressiva da população brasileira com relação às consequências danosas da elevação dos preços.

Em 1989, final do governo Sarney, a inflação chegou a 1973%. Em março de 1990, o índice mensal alcançou 82%. Isso significa que uma nota de 100 valia menos de 20 no prazo de trinta dias, lembra a revista Veja desta semana.

Quem mais sofreu com esse tipo de situação de preços em subida vertiginosa foram as camadas mais pobres da população. Milhões de pessoas, todos os meses, simplesmente “perdiam” quase a totalidade do dinheiro que recebiam como salário. Ficavam completamente desprotegidos e vulneráveis frente a uma economia convulsionada. A inflação é, sobretudo, uma chaga social.

A estabilidade econômica conquistada a partir de 1994 foi o passo mais decisivo que o Brasil deu com relação ao desenvolvimento social e crescimento do PIB conquistado nos últimos anos. Se o governo não for rígido no combate à inflação, pode colocar tudo a perder.

Saga Brasileira, a longa luta de um povo por sua moeda, livro da colunista de O Globo, Miriam Leitão, recupera mais detalhes desse verdadeiro flagelo brasileiro que foi a inflação.

Por exemplo, entre 1979 e 1994, a inflação acumulada chegou a 13,3 trilhões por cento. No período, o brasileiro precisou conviver com seis moedas diferentes, nove zeros retirados das cédulas, cinco planos econômicos fracassados, dois calotes externos e um calote interno, além de 13 ministros da Fazenda.

Entre 1964 a 1994, a inflação acumulada chegou a 1 quatrilhão e 302 trilhões.

De 1994 ao final de 2009, a inflação acumuladas somou “apenas” 197%. Esse índice, que superou os 200% no final de 2010, não deve ser considerado desprezível.

Fonte: Imprensa Democratas

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