segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Artigo de Bruno Alves: A ELEIÇÃO DE RENAN CALHEIROS NÃO ME SURPREENDE



Para tristeza daqueles que desejam um país mais benemérito e um senado que represente de forma digna os anseios da sociedade brasileira, a eleição do senador Renan Calheiros (PMDB) como presidente do Senado é um tapa doloroso em nossas faces.
                                                                                              
Não é ético eleger para presidir o senado um ex-presidente do próprio, que deixou o cargo no final de 2007 por denuncias que afirmavam que o senador recebia dinheiro de lobista, para pagar pensão de sua filha. Agora eleito presidente, o senador Renan Calheiros pode virar réu em processo criminal caso o Supremo Tribunal Federal (STF) acolha a acusação apresentada pelo ministério público, por peculato, falsidade ideológica, e uso de documento falso.

Infelizmente não é de ética que vive o senado brasileiro, ou pior, a política brasileira. A cada situação desagradável como essa, o nosso país fica menor e o sentimento de impunidade retorna com força em um país que começa a acreditar que os corruptos serão punidos. Com certeza essa foi a principal mensagem do julgamento do Mensalão, que teve como relator o ministro e atual presidente do STF, Joaquim Barbosa.

Todos nós já sabíamos do desfecho final dessa votação, afinal de contas o corporativismo torpe, tem sido uma das principais marcas da política brasileira. Não generalizando, pois uma generalização desse tipo, só protege os corruptos e criam entraves para o surgimento de novos quadros, que já se apresentam sob o olhar da desconfiança.

A grande verdade é que o político brasileiro descobriu que nosso povo tem memória curta, sendo assim, os prejuízos não serão de longo prazo, ou melhor, nas próximas eleições já não serão lembrados e se lembrados forem os marqueteiros cuidaram disso, pois o povo é fácil de ser enganado.

“Talvez, para não dizer com certeza, eles nem saibam o que está acontecendo, agora fica um grupinho fazendo zoada  mas logo isso passa e assim continuaremos fazendo do estado público o nosso privado.” Certamente assim pensam alguns de nossos “representantes”.

Em 2009 o então presidente do senado, José Sarney, enfrentou uma serie de denúncias, foi acusado de nomear parentes por meio de atos  não publicados pela instituição. O senado registrou mais de 300 atos secretos, que resultaram em 11 pedidos de cassação do mandato de Sarney. Várias manifestações foram realizadas, o senado brasileiro entrou em crise. O que aconteceu? Todos os pedidos de cassação foram arquivados e Sarney foi reeleito presidente do senado em 2011, ou seja, a história se repete.

A eleição de Renan Calheiros não me surpreende  justamente pelo histórico recente da política brasileira, que se confunde com a própria corrupção. Nós temos quadros dignos em todos os partidos, me corrigindo, não sei se posso dizer todos, pois no Brasil partido político virou investimento com retorno de curto prazo.

Como disse o 16º presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, a quem eu tenho grande respeito e admiração, “Um boletim de voto tem mais força que um tiro de espingarda”. Essa mensagem foi dita a mais de um século e nós ainda não compreendemos a força do voto, o maior poder de uma sociedade.

A política brasileira está carente de estadistas, de lideres que pensem nas próximas gerações. O que me surpreende é a falta de prioridade com a educação no Brasil, que facilita a manutenção dos corruptos no poder.

Bruno Alves
Presidente da Juventude Democratas Bahia

Um comentário: