sexta-feira, 23 de março de 2012

ENTREVISTA: Polemizando com….. o deputado federal ACM Neto


A coluna “Política à Flor da Pele” inicia a série “Polemizando com…” que trará entrevistas com deputados federais e senadores de todo o país, sobre os assuntos mais polêmicos do cenário político. 

A série começa com a entrevista ao deputado federal ACM Neto (DEM-BA), líder do Partido Democratas na Câmara dos Deputados.

Polemizando com…
O deputado federal ACM Neto



Reforma Política

Daniele Barreto (DB): Embora tenha maioria no Congresso, a presidente Dilma evita-o. E, como Lula, não possui apetite para qualquer Reforma relevante. Você já se posicionou pela necessidade da Reforma Política. Que mudança defende para minimizar os compromissos entre políticos e financiadores de campanha (compromissos pagos, muitas vezes, pelo Erário)?

ACM Neto: Nós somos a favor de uma reforma política ampla e que tenha poder de fogo contra a corrupção e os vícios do sistema eleitoral. Uma das nossas bandeiras é a criação de novo modelo de financiamento das campanhas, com a adoção de um sistema misto, ou seja, tanto com dinheiro público quanto privado, que torne as eleições mais justas. Também defendemos um maior rigor na punição a crimes como abuso de poder econômico e compra de voto. 

Bolsa Família

DB: O nascedouro dos programas de distribuição de renda foi o Fundo Nacional de Combate e Erradicação da Pobreza – criado pelo seu avô, ACM. Recentemente, você apresentou projeto de lei que torna o reajuste do Bolsa Família anual e automático. Qual a opinião sobre esses programas?

ACM Neto: Sou totalmente a favor do Bolsa Família e ele é fundamental na Bahia e nos estados do Nordeste e do Norte do país, principalmente. Agora, tem que ter uma válvula de escape. Os programas sociais precisam estar atrelados a outras ações como cursos profissionalizantes, educação em tempo integral, prestação de serviços qualificados em saúde e educação. Acredito que as pessoas não podem, e não querem, depender a vida inteira da ajuda do governo.

Oposição ao governo federal

DB: Quais os riscos, para a Democracia, de termos uma oposição tão debilitada?

ACM Neto: A oposição pode estar em menor número, mas é qualificada e tem contribuído de forma decisiva para apontar os erros do governo e propor soluções. Não fazemos, por exemplo, como o PT fazia no passado, que era contra tudo só por questões partidárias, eleitoreiras e mesquinhas. Votamos a favor do governo quando é bom para o país, e sugerimos melhorias. Isso é amadurecimento. Hoje, com essa onda de adesismo desenfreado, só está na oposição quem de fato tem compromisso ideológico e coerência. Isso é bom.

Crise: base aliada X governo Dilma

DB: A base aliada e o governo vivem um momento tenso, que culminou na saída dos líderes na Câmara e no Senado. Você é um dos mais bem conceituados parlamentares do país, e foi reconduzido à liderança do partido; como você avalia esse momento?

ACM Neto: Acho que a presidente Dilma Rousseff mudou os líderes para tentar conter a crise que se instalou na base aliada, em função, sobretudo, da insatisfação e briga por mais espaço nas estruturas do poder. Mas isso não resolve o problema. O problema é o modo petista de governar. O PT prefere contemplar aliados com cargos, mesmo que despreparados para ocupar determinadas funções, do que valorizar a meritocracia. Para o PT, o que vale é quem indica, e não o preparo que o cidadão tem para ser contemplado com determinado cargo. As indicações partidárias devem sim ser levadas em consideração, mas, antes de tudo, a qualificação do indicado precisa ser levada em conta.

DB: Nos últimos anos assistimos a construção de uma relação controversa entre o Planalto e o Congresso. Essa cooptação permanente de parlamentares começa dá sinal sinais de fadiga?

ACM Neto: Creio que sim. Principalmente à medida que a população vai ficando insatisfeita com esse tipo de jogo, que origina escândalos e denúncias de corrupção.

Eleições 2010 na Bahia

DB: Deputado, a derrota de Paulo Souto em 2010 teve caráter pedagógico para o DEM? O que o partido absorveu de lição para 2012?

ACM Neto: Toda eleição tem caráter pedagógico. Em 2010, o nome mais forte do Democratas para disputar as eleições era o do ex-governador Paulo Souto. E creio que fizemos uma bela campanha. O que aprendemos naquela eleição é que a oposição precisa se unir para derrotar o PT na Bahia. É para isso que estamos trabalhando.

Eleições Municipais: em Salvador, aliança com o PMDB

DB: Parabenizando o deputado federal Imbassahy pelo anúncio da pré-candidatura à prefeitura de Salvador, Lúcio Vieira Lima afirmou que as únicas candidaturas que não representam continuidade da administração de João Henrique são Imbassahy e Mário Kertész. Você possui indicações no governo, como Cláudio Tinoco, que promete entregar o cargo em breve. Retirar cargos da prefeitura agora não seria muito mais uma estratégia “para eleitor ver” do que de fato a demonstração de um posicionamento antagônico à gestão de João Henrique?

ACM Neto: A única indicação do Democratas na prefeitura é a de Cláudio Tinoco, na Saltur. E ele tem feito um belo trabalho. Tinoco deve deixar em breve o cargo, já que vai ser candidato a vereador pelo Democratas. Como em 2008, vamos apresentar um projeto novo para Salvador. Queremos revolucionar a cidade, e isso não é continuísmo. Vamos, como em 2008, apresentar ideias e projetos novos para a cidade e que resgatem a capacidade que Salvador já teve no passado de planejamento. O próximo prefeito de Salvador não poderá cuidar apenas do buraco, da pintura do paralelepípedo. Isso é importante, mas Salvador merece mais, muito mais.

DB: Esse posicionamento do presidente do PMDB da Bahia causa desconfortos e obstaculiza a união das oposições?

ACM Neto: Queremos construir a aliança com o PMDB em Salvador. Essa aliança já está consolidada em outras cidades do interior, e queremos o mesmo para Salvador. Vamos continuar trabalhando para que ela aconteça.

Eleições Municipais 2012

DB: Em 2008, o DEM elegeu 43 prefeitos na Bahia e 434 vereadores (fonte: TSE, 14.03.2012). O cenário político baiano recomenda expectativas favoráveis ao partido?

ACM Neto: Temos chances reais de vitória em cidades importantes em 2012, a exemplo de Salvador, Itabuna e Feira de Santana, só para citar três em que o Democratas tem nomes fortes para disputar. Também estamos dispostos a apoiar candidaturas de outros partidos que fazem oposição ao PT. De modo que acredito que vamos superar as expectativas. Em Salvador, devemos eleger de quatro a cinco vereadores. As condições políticas e eleitorais são bem melhores que em 2008.

Eleições 2014

DB: O PMDB busca espaço na arena política para viabilizar a candidatura de Geddel em 2014, o DEM busca o mesmo para o Sr. Esse é o principal motivo que dificulta a união das oposições na Bahia?

ACM Neto: Claro que a eleição de 2014 passa pela de 2012. Mas, no momento, estamos concentrando todos os nossos esforços para unir as oposições em Salvador e nas principais cidades do interior do estado. Eu já revelei que minha vontade é disputar uma eleição majoritária. Se meu partido me convocar, serei candidato a prefeito de Salvador. Mas ainda estamos conversando com outros partidos, e o PMDB, que tem o excelente nome de Mário Kertész, é um deles.

PT na Bahia

DB: Durante entrevista na Itapoan FM, você afirmou que Nelson Pelegrino é um candidato a prefeito “limitado”. E profetizou: “não decolou e nem vai decolar”. Sem agouro, mas depois do PT ter conquistado o governo do Estado no 1º turno, não seria prudente não menosprezar a força da máquina estatal (estadual e federal)?

ACM Neto: Não é menosprezo. É a população de Salvador que tem dito que não quer o PT, que não quer Nelson Pelegrino. Tanto respeitamos a força do PT que estamos trabalhando pela união das oposições para que possamos ter chances maiores de derrotar o candidato do governador Jaques Wagner.

Futuro do DEM

DB: Qual o impacto da criação do PSD para o Partido Democratas, nas Eleições 2012, em todo o país?

ACM Neto: Perdemos alguns quadros, mas os melhores permaneceram no partido. Vamos disputar as eleições de 2012 com chances reais de crescer.



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