quarta-feira, 7 de março de 2012

Após quase dois anos, taxa de juros volta à casa de um dígito a 9,75%



Autoridade monetária ampliou ciclo de redução da Selic com corte de 0,75 ponto percentual para tentar acelerar a reação da economia.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fez nesta quarta-feira mais um corte na taxa Selic, dessa vez de 0,75 ponto percentual, intensificando a estratégia, iniciada em agosto de 2011, de corte nos juros básicos da economia para estimular o crescimento e tentar diminuir as pressões sobre o mercado de câmbio que têm contribuído com a valorização do real frente ao dólar.

Com essa decisão, a taxa Selic cai de 10,5% ao ano para 9,75% ao ano retornando a casa de um dígito. Essa é a menor taxa em quase dois anos. Em abril de 2010, a taxa Selic estava em 9,50% permanecendo neste mesmo patamar até o início de junho daquele ano. Desde então, o BC iniciou um processo de elevação dos juros que culminou com a taxa de 12,5% ao ano, em julho de 2011.

No comunicado divulgado após o encontro de dois dias, a autoridade monetária afirmou que "dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 9,75% ao ano". A decisão do colegiado foi tomada com cinco votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,5 ponto percentual e sem viés.
O próximo encontro do colegiado do Banco Central, para avaliar as condições da economia do País e definir o movimento da taxa de juros brasileira, acontece em 17 e 18 de abril.
Após elevar a taxa básica em 2011 durante cinco reuniões seguidas até julho, para tentar conter o avanço da inflação, o Banco Central realizou três cortes no segundo semestre, em agosto, outubro e novembro, por conta dos efeitos da crise financeira internacional, apostando em uma probabilidade de um "efeito desinflacionário" da retração da economia no mercado externo, devido a crise, sobre a variação de preços do varejo no mercado brasileiro. Com corte desta quarta-feira, o BC já efetuou duas reduções na taxa de juros em 2012.

Comportamento dos juros

A decisão de realizar uma nova redução na taxa Selic era um movimento já aguardado e, em grande parte, antecipado pelo mercado financeiro. Desde que o Copom deu início ao movimento de corte de juros, em agosto passado, estratégia que foi sendo consolidada ao longo dos meses seguintes, os especialistas refizeram as projeções e diante da retração mais forte da economia após o resultado doProduto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2011 já sinalizavam que a Selic voltaria à casa de um dígito em 2012.

Um novo corte da taxa de juros, nas próximas reuniões do Copom em 2012, deve ajudar o País aeconomizar recursos com o custo da dívida pública do Governo Federal, corrigida pela taxa Selic, e no desempenho do mercado de câmbio.

Devido à remuneração mais atraente, em comparação com outros mercados, e a grande oferta de crédito desencadeada pelos bancos centrais das economias mais maduras, o Brasil tem sido alvo de investidores internacionais. A entrada de dólares no País tem levado a uma grande valorização do real, favorecendo as importações e enfraquecendo os setores ligados a produção e exportação de produtos manufaturados.
De acordo com a pesquisa Focus, elaborada pelo Banco Central, e divulgada na segunda-feira, os analistas esperam mais reduções para que a Selic chegue ao fim de 2012 em 9,5%.

Esse movimento, na avaliação de alguns economistas, deverá ser ampliado se a autoridade monetária verificar uma reação pouco expressiva no ritmo de crescimento da econômica.
Nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado PIB de 2011. No ano passado, a economia cresceu 2,7%, com um desempenho abaixo do verificado um ano antes, quando o País deu um salto de 7,5%. Em valores correntes, a soma das riquezas produzidas no Brasil em 2011 chegou a R$ 4,143 trilhões, um crescimento de cerca de 14% sobre os R$ 3,6 trilhões de 2010.

Projeções do mercado financeiro apontam que a economia deve apresentar sinais mais claros de recuperação no segundo semestre. Algumas projeções preliminares realizadas por especialistas apontam que a economia deve crescer entre 0,5% e 1% no primeiro trimestre, podendo chegar a 1,5% no segundo trimestre. O consumo das famílias e a demanda do mercado interno ainda devem seguir como os principais motores da economia.

Os juros e o mundo real

O Banco Central utiliza a taxa de juros Selic como um instrumento importante de controle da inflação por meio da moderação da oferta de crédito e, por consequência, do consumo.

Em um cenário com a economia mais aquecida, a procura dos consumidores por produtos e serviços cresce e há dificuldade para a indústria, o comércio e o setor de serviços atenderem as demandas dos clientes no mesmo ritmo do aumento da procura.
Como a demanda e a oferta não têm o mesmo ritmo na dinâmica do ciclo econômico, os preços acabam subindo, gerando inflação.

Quando aumenta a taxa de juros da economia, a autoridade monetária tem como foco estimular a poupança interna e conter a expansão excessiva da demanda por bens e serviços.
No sentido oposto, quando inicia um movimento de redução da taxa de juros o Banco Central sinaliza um maior estímulo para a expansão do consumo, como por exemplo, para evitar efeitos negativos de uma recessão que possa ser gerada por efeitos da economia internacional ou pelo próprio ritmo da economia do Brasil.
De acordo o IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País está em 6,22% no acumulado em 12 meses. Esse resultado está abaixo do topo da meta fixada pelo governo e a autoridade monetária. A meta de inflação tem centro em 4,5% e limite superior de 6,5%.

Na sexta-feira, o IBGE divulga o dado de inflação referente ao mês de fevereiro. A média das projeções dos analistas aponta para uma variação de 0,44% no mês passado. Em janeiro, a variação foi de 0,56%.

Nesta terça-feira, em nota após a divulgação do resultado do PIB de 2011, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que os sólidos fundamentos da economia brasileira e um mercado interno robusto constituem um diferencial diante do quadro internacional de crise e incerteza.

“As perspectivas apontam intensificação do ritmo de atividade ao longo deste ano, com a economia crescendo em ritmo maior do que o observado ano passado, compatível com o equilíbrio interno e externo e consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012”, destacou o presidente da autoridade monetária.
Fonte: IG Economia 

Nenhum comentário:

Postar um comentário