segunda-feira, 12 de março de 2012

Cinquenta anos de regressão na indústria




A indústria brasileira foi o principal setor responsável pelo baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7% registrado em 2011.

O crescimento industrial brasileiro ano passado foi de apenas 1,6%. Uma queda brusca em relação a 2010, quando o índice foi de 10,4%.

E o índice da indústria só não foi pior por causa da construção civil (3,8%). Caso se analise apenas a indústria de transformação, o índice é de míseros 0,1%.

Com esse desempenho pífio, a participação da indústria brasileira no total da economia regrediu ao patamar de 1956, o e equivalente a 14,6% do PIB.

Há uma série de fatores que levam a essa situação como a valorização excessiva do Real, a expansão contínua do agronegócio, a venda de commodities minerais, e a abertura da economia aos importados.

Mas também é preciso levar em conta a altíssima carga tributária do Brasil, a péssima infraestrutura e a burocracia excessiva.

As exportações também foram afetadas. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, a venda de manufaturados brasileiros ao exterior caiu de 57% em 1998 para 36% em 2011, na comparação com o total das vendas.

O curioso é que o aumento do consumo e da renda tem sido o índice mais vistoso do PIB (4,8%). Em tese, a indústria deveria se beneficiar com essa conjuntura. Não é o que ocorre.

Segundo o colunista do Estado de S. Paulo, Celso Ming, o problema é de gestão. O governo estimula o consumo, mas com medo da inflação, acionaria as importações em detrimento da indústria.

Para lidar com a questão, o governo ainda tem apelado apenas para medidas superficiais, como isenção tributária a alguns setores, protecionismo na indústria de veículos, no setor têxtil e nos brinquedos, acirramento da defesa comercial, além das tentativas, ainda mal sucedidas, em desvalorizar o câmbio.  

De acordo com Celso Ming, também é preciso admitir que a indústria brasileira precisa lidar com sérios problemas de competitividade. “Insistir em jogar a culpa no jogo desleal dos chineses, na guerra cambial provocada pelos países ricos ou nas políticas protecionistas de algumas dezenas de países é tapar o sol com a peneira e ignorar a natureza estrutural dessa encrenca”, afirmou.

Lançado em agosto do ano passado, o programa “Brasil Maior”, para estimular a indústria, anunciou desonerações de R$ 24,5 bilhões ao setor. Mas os benefícios foram anulados com a criação de um novo tributo que incide no faturamento das empresas.

Nesse meio tempo, o déficit tecnológico, a diferença entre importações e exportações de bens e serviços intensivos em tecnologia, passou de US$ 15,4 bilhões em 2002 para US$ 85 bilhões em 2010.

Atualmente, 60% das máquinas e equipamentos comprados para serem utilizados no Brasil são importados.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que deveria ser uma arma para lidar com a questão, nunca deixou de patinar. O governo anuncia um índice de execução de 21% até o final de 2011 quando a meta é chegar a 100% em 2014.

Os números não são bem esses: foram inflados com os empréstimos habitacionais, investimentos privados e verbas de restos a pagar. De acordo com o Sistema Integrado de Administração Financeira, dos R$ 18,7 bilhões registrados no Orçamento Geral da União em 2011 para o PAC, apenas R$ 815 milhões foram executados (4,3%).

Enquanto o governo bate cabeça, o Brasil vai em direção a uma estrutura de país colônia: produção de produtos primários para países de populações ricas. Por questões como essa somos a sexta economia do mundo e ainda estamos na 84ª colocação mundial no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Fonte: Imprensa Democratas

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