segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Entrevista do presidente do Democratas Bahia, José Carlos Aleluia, concedida ao Bahia 247

'Este é o governo da propaganda e do pedágio'



Disse o presidente do DEM na Bahia, José Carlos Aleluia, em entrevista ao Bahia 247. Com a cabeça em 2012, Aleluia garantiu que enquanto o acordo da oposição não chega, há três candidaturas mantidas na Bahia: a de ACM Neto ou a dele pelo DEM, a de Imbassahy (PSDB) e a de Mário Kertész (PMDB).

Vestido de branco como manda a tradição, o ex-deputado federal José Carlos Aleluia, presidente do DEM na Bahia e um dos mais contumazes críticos do governo Jaques Wagner (PT), participou da Lavagem do Bonfim, a quinta-feira passada (12), com devoção político-religiosa e língua afiada. Antes da saída do cortejo, ainda nas proximidades da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em conversa com o Bahia247, Aleluia acusa o atual governo de ser "campeão em propaganda e em pedágio" e diz que os partidos de oposição buscam a unidade nas eleições deste ano, ressaltando que, por enquanto, mantém as candidaturas próprias.


Pisa no "Calcanhar de Aquiles" da atual administração estadual, a violência, "bem maior do que no período do governador Paulo Souto", define a corrupção no governo Dilma Rousseff como "o desdobramento do mensalão, e ainda comenta o legado de ACM, "o oposto de tudo que ai está".


Confira a entrevista:


Lavagem do Bonfim?


Vou pedir ao Senhor do Bonfim proteção para o meu povo. Aqui, na Lavagem do Bonfim, é só um encontro com a população. A população vai poder ver dois grupos na Bahia: um formado por democratas, pelo PMDB e PSDB, que querem um novo projeto para Salvador e para a Bahia. O outro, integrado pelo prefeito João Henrique e pelo governador Jaques Wagner.


União das oposições?


As conversas estão adiantadas no sentido de haver uma candidatura única. Enquanto não há o acordo, as candidaturas estão mantidas, a de Neto [Antônio Carlos Magalhães Neto, deputado federal pelo DEM], a minha, a de Imbassahy [Antônio Imbassahy, deputado federal pelo PSDB] e a de Mário Kertész [ex-prefeito de Salvador e comunicador filiado ao PMDB].


ACM Neto candidato à sucessão de Jaques Wagner, em 2014?


Não há nada decidido. Nós estamos conversando somente 2012.


Projeto para Salvador ?


Nosso grupo político pretende revitalizar a cidade, torná-la mais humana, com espaço para as pessoas viverem melhor, trazer de volta a segurança, a limpeza urbana, o sistema de saúde. Queremos recuperar Salvador.


Refundar ou afundar?


O pré-candidato do PT [deputado federal Nelson Pelegrino], disse que deseja refundar. Mas, ele participou do afundamento da cidade, ou o PT não integrou o primeiro governo do refeito João Henrique?


A violência na Bahia?


Eu só vejo falar da violência. Em um dia, três cidades baianas foram assaltadas num espaço de duas horas, por ladrões de banco. A segurança não existe. O governo é um governo de propaganda e nada mais. A audácia dos bandidos e o sentimento de impunidade são tão grandes que, outro dia, estouraram um caixa eletrônico na vizinhança do Palácio de Ondina. Como se não bastasse ainda invadiram um restaurante no Pelourinho, armados de facão e pistola, para assaltar duas famílias de turistas franceses.


Reflexo no turismo?


A violência impede o desenvolvimento econômico e a possibilidade de redução das desigualdades sociais. Será que o governador Wagner, que demonstra tanta preocupação com a questão social, não enxerga isso? O turismo, por exemplo, atividade com grande potencial de geração de emprego e renda na Bahia, é um dos maiores prejudicados com a criminalidade que assola o estado.


Mapa da violência?


Se forem comparados os dados oficiais da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) durante a gestão de Paulo Souto com o levantamento do Mapa da Violência, baseado no Sistema de Informação da Mortalidade do Ministério da Saúde será constatado um número maior de homicídio nos registros da SSP. O mesmo não acontece no período de governo de Jaques Wagner. Em 2003, a SSP registrou 2.968 homicídios e o Mapa, 2.155. Já, em 2004, foram 2.994 na SSP e 2.255 no Mapa. Em 2005, 3.180 na SSP e 2.823 no Mapa. Em 2006, 3.222 na SSP e 3.278 no Mapa. No total do período, foram registrados 12.364 na SSP e 10.511 assassinatos no Mapa.


O exemplo da Colômbia?


O governador Jaques Wagner deveria ter aproveitado suas férias na Colômbia para conhecer as bem-sucedidas ações do governo colombiano no combate à violência. Quem sabe não aproveitaria alguma ideia para segurar a escalada da criminalidade em nosso estado? Ele deveria ter conhecido pelo Medelin, na Colômbia, cidade que esteve sobre o controle de narcotraficantes e com alto índice de violência. Lá houve uma série de medidas que deram certo. Hoje tem número de homicídios bem menor que Salvador.


A Ford na Bahia?


Não há mal nenhum em mudar de opinião. Contanto que seja para melhor já dizia o estadista britânico Winston Churchill. Portanto, felicito o governador Jaques Wagner, quando hoje comemora os avanços da Ford na Bahia. Ele que, quando deputado federal, foi contra a instalação da montadora em nosso estado.


Propaganda e pedágio?


O governo fala na ferrovia Oeste-Leste como se já tivesse algum trem no trilho. Fala em recorde de alfabetização, quando os números do IBGE estão sempre desmentindo a farsa que é o Topa [programa Todos pela Alfabetização]. É bom que se diga que Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da Bahia, que é o pior do Nordeste, ao lado de Sergipe. Até os empregos cantados em verso e prosa pelos petistas, já estão começando a sumir. O governo da Bahia é campeão mesmo em propaganda e pedágio.


O novo mensalão?


A corrupção do governo Dilma Rousseff é o desdobramento do mensalão. Antes, o PT pagava aos partidos pelo apoio no Congresso, em nome da chamada governabilidade. Depois do mensalão, o PT passou a arrendar os ministérios.


A herança de ACM?


O legado de Antônio Carlos Magalhães é o oposto de tudo o que está acontecendo na Bahia. ACM jamais deixaria que a violência tomasse conta da cidade e do estado.



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