O Deputado federal ACM Neto (DEM-BA), Vice-presidente e Corregedor da Câmara e 5º parlamentar mais influente do país, cedeu entrevista ao Blog Online com Bruno Alves. Na entrevista Neto respondeu a todas as perguntas com clareza e tocou em temas como, Carlismo, governo Lula, governo Jaques Wagner, entre outros assuntos.
Online com Bruno Alves: Como o senhor define o Carlismo?
ACM Neto - Vejo o carlismo como um modelo de administração que deu certo na Bahia. O modelo que sempre preferiu colocar nos cargos públicos pessoas competentes e qualificadas, e não meramente para preencher indicações políticas. O modelo da briga para se trazer recursos para a Bahia, a exemplo da montadora Ford. O modelo que saneou e equilibrou as contas do estado. Um modelo do qual muitos baianos sentem falta hoje. Claro que, do ponto de vista político, o carlismo, personificado na figura de Antonio Carlos Magalhães, teve o seu tempo. Antes, havia dois grupos de políticos na Bahia: aqueles contra e aqueles a favor de ACM. Hoje, a política é mais dinâmica. Mas acredito que os bons exemplos do carlismo devem ser mantidos por aqueles que de fato amam a Bahia.
Online com Bruno Alves: Em tempos que o Carlismo estava no poder político da Bahia, nós notávamos uma grande oposição do PT e demais partido de esquerda, oposição está que se dirigiam as ruas aproveitando muitas datas comemorativas como, 7 de setembro, 2 de julho entre outros. Por que oposição Democrata não chega às ruas?
ACM Neto - Discordo. Desde os tempos do PFL, o Democratas sempre participou desses atos cívicos, a exemplo do 2 de Julho, das homenagens ao Senhor do Bonfim. O senador Antonio Carlos Magalhães adorava esse contato com a população nas ruas, e fazia isso nesses momentos, sempre acompanhado por seu grupo político.
Online com Bruno Alves: O partido Democrata é um partido das elites?
ACM Neto - Não. O Democratas é um partido jovem que está de acordo com os anseios da sociedade. Nossas bandeiras são bandeiras da sociedade como um todo, principalmente dos mais pobres. Nós lutamos pela redução de impostos e derrubamos a CPMF, por exemplo, um imposto que atingia a todos, dos ricos aos pobres, sem fazer distinção. Nós lutamos pela criação do Fundo Nacional de Erradicação da Pobreza, criado por ACM e que possibilitou o surgimento de programas como o Bolsa Família. Agora, estamos lutando pela aprovação da PEC 300, que vai aumentar o salário dos nossos policiais, e por mais recursos em segurança pública. E quem mais sofre com a violência? Os mais pobres, os mais humildes. Eu pessoalmente tenho destinado recursos para o aparelhamento das políciais na Bahia. O problema é que o governo Wagner não utiliza os recursos disponíveis para a segurança pública.
Online com Bruno Alves: É muito comum o comentário entre os eleitores dos partidos de oposição, principalmente os jovens que o senhor é um representante das elites econômicas do nosso estado. Como o senhor responde a esse comentário?
ACM Neto - Nunca ouvi ninguém dizer que sou representante das elites, a não ser alguns petistas invejosos. Para mim isso é novidade. Quando ando nas ruas, as pessoas dizem justamente o contrário. O primeiro projeto que apresentei quando cheguei ao Congresso foi justamente o de conceder bolsas de estudos para que jovens de famílias humildes pudessem cursar a universidade. Ou seja, desde o primeiro momento penso em trabalhar por quem mais precisa. De modo que para mim esse seu argumento é descabido.
Online com Bruno Alves: Como o senhor vê o desempenho do governo Lula?
ACM Neto - O presidente Lula tem seus méritos. Não é porque sou oposição que vou deixar de dizer isso. Ele teve o mérito de lutar contra a pobreza. Só que o próximo presidente tem que ter o mérito de manter isso mas com a visão de tentar superar a pobreza. É o que pensa José Serra (PSDB). Ele é a favor do Bolsa Família e vai até ampliar o programa. Mas vai lutar para que a pobreza e a miséria no país fiquem só na história, no passado.
Online com Bruno Alves: O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2) é fruto de planejamento ou enganação?
ACM Neto - É fruto da enganação. O PAC não passa de proproganda eleitoral do governo. Veja que, na Bahia, apenas 38% das obras do PAC estão em andamento. E o governo já lançou o PAC 2. De modo que o PAC é muito mais enganação do que realidade. O que é uma pena.
Online com Bruno Alves: A demora na definição entre José Serra e Aécio Neves para pré- candidato a presidência pelo PSDB, interferiu nos números da campanha eleitoral?
ACM Neto - Acredito que, a partir do momento em que Serra lançou sua pré-candidatura, ele tende a crescer. Pesquisa só reflete o momento. Veja que, uma semana depois de lançar sua pré-candidatura, o Datafolha do último sábado já mostrou Serra com dez pontos a frente de Dilma.
Online com Bruno Alves: O mensalão no governo Arruda (DEM-DF) pode interferir nas urnas?
ACM Neto - Acredito que não. Em relação ao escândalo no DF, o Democratas agiu rápido. Iria expulsar o ex-governador Arruda, e só não o fez porque o ex-governador se desfiliou um dia antes, numa decisão unilateral. Eu mesmo dei várias entrevistas pedindo a expulsão daqueles que são filiados ao partido e que permanecessem no governo do DF, incluindo Paulo Octávio, que também preferiu se desfiliar do Democratas e renunciou ao governo. Claro que houve algum prejuízo para o Democratas, mas acredito que nós agimos na medida e no tempo certo, e o eleitor vai perceber isso. Não fizemos como o PT, cujo mensalão atingiu a cúpula partidária, chegou perto do Planalto e ninguém foi punido.
Online com Bruno Alves: O senhor é critico do governo Jaques Wagner. Quais suas insatisfações?
ACM Neto - Poderia levar horas respondendo sua pergunta. O governo Jaques Wagner consegue ser pior do que o de Waldir Pires. Wagner tem feito um governo tão ruim que não consegue se firmar sequer como uma figura baiana, quanto mais nacional. Seu governo é medíocre e isso tem feito o povo sentir cada vez mais falta de ACM, que era uma figura reconhecida mundialmente pela luta em defesa da Bahia. De que forma o governador Jaques Wagner é reconhecido? Como o cidadão que permitiu que a violência tomasse conta da Bahia como nunca antes na história desse estado. Como o cidadão que fez com que a Bahia perdesse a posição de protagonista na atração de inestimentos para o Nordeste. Aliás, acredito que Wagner é mais popular em Pernambuco, que ocupou a posição de protagonista na atração de investimentos no Nordeste, do que na Bahia. Wagner também é o governador da dengue e da meningite, da pior educação do Brasil. Não que a Bahia do passado era perfeita. Nós cometemos erros sim, a exemplo de não ter valorizado os servidores públicos como eles deveriam. Mas aprendemos com nossos erros e vamos, nas eleições, apresentar um projeto que faça com que a Bahia volte a ser um estado que se destaque nacionalmente.
Online com Bruno Alves: Por que a Bahia esta com a taxa de homicídios superior a São Paulo?
ACM Neto - Porque o governo Wagner não investe em segurança. Ano passado, o governo não aplicou sequer 25% dos recursos previstos para o setor em seu próprio orçamento. O governo Wagner também não vai a Brasília com projetos para combater o crime, e por isso não consegue mais recursos.
Online com Bruno Alves: Como se resolve o problema do crack em nosso estado?
ACM Neto - Com repressão, educação e investimento em saúde pública. Veja que, se o governo protegesse as fronteiras, como fazia o governo Paulo Souto através das companhias independentes, as drogas teriam mais dificuldade em chegar às grandes, pequenas e médias cidades.
Online com Bruno Alves: Eu considero a educação como alicerce de qualquer nação que almeje ser grande. Por que a educação na Bahia não é levada com seriedade?
ACM Neto - Por falta de prioridade política. Comecei minha vida pública como assessor na Secretaria de Educação e conheço bem essa área. Já está na hora de investirmos mais em educação e ousarmos mais. Sou um defensor, por exemplo, da educação em tempo integral. Como seria isso? Não quero a construção de grandes unidades de ensino onde os alunos permaneçam o dia na escola. Sou a favor de uma política que, num turno, faça com que os alunos aprendam as disciplinas curriculares e, no outro, tenham acesso a atividades de preferência fora da escola, como reforço escolar, práticas de esporte, atividades culturais e de lazer e que possam até começar a aprender uma profissão. Isso poderia ser feito se utilizando espaços em associações comunitárias, praças, parques, teatros, bibliotecas, cinemas, etc. Para isso, as prefeituras só precisariam bancar alimentação e transporte, e elas contam com recursos federais. Defendi essa proposta em minha campanha para prefeito de Salvador e continuarei defendendo como deputado federal.
Online com Bruno Alves: Nas últimas eleições a prefeitura de Salvador, o senhor acabou sendo eliminado no 1° turno e apoio o nosso atual prefeito João Henrique. Qual a participação Democrata nesta gestão?
ACM Neto - Não condicionamos nosso apoio a cargos. Por isso, só temos mesmo a presidência da Saltur, o órgão que cuida do turismo. Estamos aqui para ajudar o prefeito sempre que ele nos chamar.
Online com Bruno Alves: A tragédia no Rio de Janeiro reacende uma antiga discussão sobre habitação irregular, que os fatos nos mostram que não foi levado a serio. Salvador sofre com problemas similares ao Rio de Janeiro. Como evitar que essa tragédia ocorra na capital baiana?
ACM Neto - Através de ações de curto, médio e longo prazo, e com planejamento. Esse é um problema histórico e que precisa ser combatido de frente, com planejamento. Primeiro, é preciso enfrentar o problemas nas áreas consideradas de grande risco, fazendo obras de contenção ou mesmo retirando famílias. Depois, é preciso que se planeje as novas moradias na cidade. A prefeitura não pode permitir mais construções irregulares. O que falta em Salvador é mais planejamento.
Online com Bruno Alves: ACM Neto, o senhor é considerado por muitos críticos como o mais atuante da bancada baiana na Câmara Federal. A que se deve esse título e quais medidas o senhor já encaminhou ao nosso estado?
ACM Neto - É porque tive o melhor percentual de execução de emendas nos últimos dois anos, e o fato de ter sido líder do Democratas ajudou a trazer mais recursos para a Bahia. Tenho muitas emendas para vários municípios, já que sou votado em toda a Bahia. Em 2008, por exemplo, dos R$8 milhões em emendas que apresentei para a Bahia, consegui empenhar algo em torno de R$6 milhões. Além disso, tenho solicitado emendas ao senador Antonio Carlos Júnior, a exemplo da que prevê a construção do novo aeroporto de Vitória da Conquista. Também tenho defendido emendas na bancada baiana, a exemplo da que visa reformar a Feira de São Joaquim. São muitas emendas, de modo que quem quiser acompanhar isso de perto pode fazê-lo pelo meu site, o http://www.acmneto.com.br/.
Online com Bruno Alves: Essas eleições estão sendo articulada nos bastidores, a ida de Cesar Borges para a chapa de Geddel muda muito o raciocínio de campanha DEM?
ACM Neto - Nós já tínhamos descartado o apoio de César Borges quando o PR nacional fechou com Dilma. Isso porque temos compromisso com a candidatura de José Serra. Ou seja, o apoio de César a Geddel não mudou nada nosso raciocínio de campanha, como você chamou. Continuamos trabalhando para na hora certa anunciarmos nossa chapa completa, que será competitiva.
Online com Bruno Alves: Qual mensagem o Deputado Federal ACM Neto deixa ao publico do Blog Online com Bruno Alves?
ACM Neto - Espero que tenham gostado da entrevista. E quem quiser entrar em contato direto comigo é só fazer isso pelo Twitter. O meu endereço lá é o www.twitter.com/acm_neto.