quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A ESCOLA PÚBLICA DE QUALIDADE NÃO PODE SER TIDA COMO UTOPIA...

Anísio Teixeira;
“Sou contra a educação como um processo exclusivo de formação de uma elite, mantendo a grande maioria da população em estado de analfabetismo e ignorância. Revolta-me saber que dos cinco milhões que estão na escola, apenas 450.00 conseguem chegar a 4ª serie, todos os demais ficando frustrado mentalmente e incapacitados para se integrarem em uma civilização industrial e alcançarem um padrão de vida de simples decência humana.”

“Choca-me ver o desbarato dos recursos públicos voltados para educação, dispensados em subvenções de toda natureza a atividade educacional, sem nexo nem ordem, puramente paternalista ou francamente eleitoreira.”

Esse pequeno texto de Anísio, que tem aproximadamente quarenta anos parece-me bastante atual. Apesar do pouco número de linhas escritas, costumo dizer que Anísio foi perfeito, pois resumiu com tamanha felicidade a realidade da educação brasileira da época, e que se faz bastante atual neste momento. A primeira vez que fiz a leitura desse texto, percebe o quanto estamos atrasados, pior de tudo é saber que esse texto será atual ainda por muito tempo, pois não vejo um linear diferente para essa situação.

Hoje observarmos os mesmos erros sendo cometidos. A educação no Brasil continua distante de ser prioridade, lembrada apenas em anos eleitoreiros ou de forma eleitoreira. O governo federal criou vários programas voltados, a facilitar o ingresso ao nível superior, mas não me recordo de nenhum voltado à base, ao ensino fundamental e médio. Não sou contra esses programas, muito pelo contrário, fico feliz em saber que a educação está sendo lembrada, porém fico triste ao perceber que continuamos a fazer investimentos sem ordem nem nexo como dizia Anísio. Como podemos colher os frutos sem plantar se quer uma semente? É isso que estão fazendo com a educação, a base está sendo deixado de lado e como efeito dominó o ensino fundamental, médio e superior.

Em suma estes programas não atingem a todos, muito pelo contrário. Como Anísio dizia: “a maioria fica frustrada mentalmente e incapacitado de se quer pensar em uma graduação superior”.

Recentemente o Ministério da Educação (MEC), através do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) divulgou o resultado da sua avaliação de 2008, dos 7.329 cursos avaliados, apenas 47 cursos superiores são considerados “Tops”, somente 6 cursos de particulares alcançaram nota máxima. Continuando esse cronograma negativo, 663 cursos tiveram desempenho insatisfatório (nota 1 ou 2) o que significa que 48 mil estudantes que receberam o diploma no ano passado se formaram em cursos fracos.

O que vem ocorrendo com os cursos superiores no Brasil reflete a forma desorganizada, que vem sendo conduzida a educação em nosso país. A educação precisa ser levada a sério, não podemos aceitar de forma alguma essa indiferença.

A educação é o alicerce de qualquer nação que almeje se tornar grande. Precisamos de políticos que acredite nesse conceito e ponha em prática o mesmo, como sempre digo, é necessária uma maior participação da população e o surgimento de novos políticos que tomem essa causa para si e lute pela vitória da mesma, mas tenho certeza que entre nossos políticos existem homens com sentimento e pensamento social suficiente para perceber que a educação não pode ser tida como um privilegio e sim um direito a todos.

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