quinta-feira, 1 de abril de 2010

ENTREVISTA COM O EX-MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, GEDDEL VIEIRA LIMA.


O ex-ministro da Integração Nacional, licenciado do 5° mandato de deputado federal (PMDB-BA), e pré-candidato ao governo do estado da Bahia, Geddel Vieira Lima, 51 anos, cedeu uma entrevista ao Blog Online com Bruno Alves. Na entrevista Geddel tocou em temas polêmicos, como as comparações entre ele e o falecido Senador Antônio Carlos Magalhães, sua saída do governo Jaques Wagner, o aumento da violência na Bahia, entre outros assuntos.

Online com Bruno Alves - Em entrevista à revista Época em 2003 o senhor afirmou que gostaria que o PMDB atuasse como fez o PT na oposição, não participando do governo. O que fez o senhor mudar essa postura?
Geddel –
Quando eu disse isso, e já faz sete anos, o governo Lula estava no início e era uma incógnita para quem ainda não o conhecia suficientemente. Basta dizer que, na época, eu ainda acreditava que fosse ter uma postura oposicionista em relação ao governo Lula. Mas, aos poucos, fomos conhecendo melhor não apenas o presidente como o seu projeto para o Brasil. Com poucos meses de governo, os brasileiros começaram a conhecer o estilo do presidente, a sua maneira democrática de governar, a forma como conduzia a economia e, principalmente, os programas sociais do seu governo. Foi isso o que me fez mudar de postura, apoiar de forma determinada o projeto do presidente Lula e participar do seu governo.

Online com Bruno Alves- Como o senhor interpreta a frase dita pelo governador de São Paulo, José Serra, de que Lula está terminando bem o governo, mas que ele é insubstituível. Ele não governa terceirizado?
Geddel –
Concordo inteiramente com a primeira parte da premissa dele, quando reconhece o bom governo do presidente Lula. Eu diria, porém, que, apesar da qualidade do governo do presidente Lula, ninguém é insubstituível, ainda mais ele, que trabalha com base em um projeto definido, um projeto aprovado por cerca de 80% dos brasileiros e que tem gente preparada para dar continuidade. A ministra Dilma Roussef, pré-candidata do PT à Presidência, tem todas as condições não de substituir o presidente Lula, mas de sucedê-lo com qualidade e eficiência e de dar prosseguimento a esse belo projeto que vem transformando o Brasil e a vida dos brasileiros.

Online com Bruno Alves – Como o senhor analisa as comparações entre o senhor e ACM, referindo-se a um novo carlismo?
Geddel –
Bem, quem conhece minha trajetória política sabe o quanto eu combati o falecido senador Antonio Carlos Magalhães, bem como sabe o quanto fui alvo das perseguições políticas dele. Além disso, me dê um exemplo de alguma vez que eu tenha perseguido, batido ou xingado alguém, como costumava fazer o senador. Mas, naturalmente, não dá para negar alguns dos seus méritos. Ele era, por exemplo, um homem realizador, que decidia com rapidez, que sabia liderar e tirar obras do papel. Eu estou certo que é nisso que me acham parecido com ele.

Online com Bruno Alves – Em entrevista à revista Época em 2003 o senhor afirmou que a adesão ao governo de quem não participou da campanha é uma atitude aética. O que levou o senhor a deixar o governo Wagner?
Geddel –
Eu participei da campanha do então candidato Jaques Wagner ao governo da Bahia em 2006. Eu também o ajudei a tirar o carlismo do poder no estado e por isso participei do seu governo. Infelizmente, ao longo do tempo fui sentindo que o governo dele não tinha condições de executar o projeto a que se propôs e que foi apoiado pelo povo da Bahia. Os motivos que levaram o PMDB a deixar o governo da Bahia foram explicitados em uma carta entregue em mãos ao governador, que disse que não teve tempo de ler. Mas o fato é que o PMDB tentava andar num ritmo mais acelerado de realizações. Não foi possível e hoje o que vemos é isso, é a Bahia crescendo menos do que o Nordeste e muito menos do que estados como Ceará e Pernambuco.

Online com Bruno Alves – A falta de ação do governo Jaques Wagner e a sua submissão absoluta aos desejos do Planalto Central levaram a Bahia a perder para Pernambuco a liderança do Nordeste?
Geddel –
Não acho que seja submissão ao Planalto, mesmo porque se fosse a Bahia estaria bem melhor do que está. Se o governador da Bahia seguisse o modelo do Planalto, que é o modelo eficiente e realizador do governo do presidente Lula, estaríamos hoje em outra situação. O problema não é esse. O problema é de competência, de vontade e capacidade de fazer, é de saber montar uma equipe capaz de tocar os projetos.O governo da Bahia não tem projetos e nem corre atrás dos recursos de que o estado precisa para se desenvolver. É por isso que a Bahia perdeu a liderança no Nordeste.

Online com Bruno Alves – Por que a violência cresce tanto na Bahia?
Geddel –
Por vários motivos, dos quais o primeiro é a falta de prioridade que o governo do estado confere à área da segurança pública. Para você fazer uma idéia, de janeiro a setembro de 2009, o governo da Bahia gastou três vezes mais com propaganda do que com investimentos em segurança pública. É verdade que a área já não funcionava bem no governo anterior, mas além da tal herança de que o atual governo tanto reclama, existe a escassez de competência que é geral em toda a administração. A polícia baiana é desaparelhada, mal paga, al formada e mal treinada. Como pode combater bem a criminalidade.

Online com Bruno Alves: Ministro Geddel, a que se deve o crescimento do uso do crack não só na Bahia como em todo o país? E como o senhor observa a tentativa do governo Jaques Wagner em por a culpa no Crack pelo crescimento da violência em nosso estado?
Geddel –
Existem aí vários aspectos a observar, o primeiro dos quais é de que o problema é nacional, não é apenas da Bahia. O que é uma exclusividade baiana é gastar mais com propaganda do que com o combate ao crack e usar a propaganda cara para jogar no crack a culpa pelo recrudescimento da violência no estado. Aqui na Bahia não podemos dizer que o problema é novo, mas é inegável que nos últimos anos tomou proporções alarmantes. Hoje, nas grandes cidades e sobretudo em Salvador, existem várias cracolândias perto de cada um de nós, todos vêem. O que eu posso dizer é que eu fico indignado com a propaganda, espalhada por toda a cidade, dizendo que o crack é responsável por 80% dos homicídios aqui na Bahia. Mas de quem é a responsabilidade pelo combate ao crack? Da Secretaria da Segurança Pública da Bahia, é claro. Enquanto isso, a imprensa baiana registrou, que em 2009 houve uma queda de 17% no volume de apreensão de crack pela polícia baiana. Então éisso, investe-se em propaganda em vez de investir no policiamento, no combate à droga.

Online com Bruno Alves: Hoje o aumento da violência na Bahia encontra-se em destaque, contudo outros setores da administração pública no estado, como educação, saúde e moradia vivem situação complicada. Esses problemas são provenientes de governos passados ou o governo Jaques Wagner não vem sendo feliz na gestão do estado?
Geddel –
Essa história de herança maldita, de culpar administrações passadas pelos fracassos do presente tem que acabar aqui na Bahia. Os gestores que herdam problemas têm a obrigação de pelo menos tentar resolvê-los. Até porque, para conquistarem o voto do eleitor, eles prometeram soluções para esses mesmos problemas que hoje apontam como responsáveis pelos seus fracassos.

Online com Bruno Alves: Por que os constantes atrasos na obra do metrô? Já existe uma data para que o metrô comece a operar?
Geddel –
O metrô está assim por fatores que antecedem em muito a gestão do atual prefeito João Henrique. Faltou responsabilidade na prestação de contas, entrou o Tribunal de Contas na história e até hoje o problema persiste. Muito antes de ser ministro, como deputado federal representante dos interesses da Bahia, sempre defendi que o metrô é uma tarefa de todos os homens públicos baianos, independentemente do partido. Lutei como deputado e como ministro continuei essa luta. Recentemente, trouxe aqui o ministro das Cidades, Márcio Fortes e foram tomadas diversas providências, incluindo o exame da contabilidade da obra, no esforço de tornar possível que esse importante equipamento logo possa estar à disposição do povo de Salvador.

Online com Bruno Alves: O que o senhor espera encontrar nas eleições e qual será a linha da sua campanha ao governo do estado? Será o velho ataque ou apresentação de projetos?
Geddel –
Espero uma campanha bastante disputada e rezo para que essa disputa ocorra em um nível elevado, com a discussão civilizada de propostas para que o eleitor julgue a melhor. É claro que uma campanha eleitoral é um embate político e críticas poderão surgir de lado a lado, mas estou certo de que estaremos tratando com adversários, não com inimigos. Da minha parte espero que seja uma campanha propositiva, que mostre ao eleitor as idéias e projetos que o PMDB tem para construir uma Bahia melhor e mais justa.

Online com Bruno Alves: Que mensagem o ministro Geddel deixa ao público do blog Online com Bruno Alves?
Geddel –
A mensagem que deixo ao público do seu blog e aos baianos é a de sempre. Sou, como nunca deixei de ser, uma pessoa otimista. Tenho fé no trabalho, tenho fé no futuro e tenho fé na Bahia.

9 comentários:

  1. Chega ser cômica algumas colocações desse agatunado (como dizia ACM). A tajetória política dele, por si só, revela o tipo de político que ele é. Ele será esmagado nas urnas. Irá quebrar a cara pra deixar de ser arrogante e tirado a poderoso. Durante a campanha, a Bahia conhecerá melhor esse pilantra. Segue uma amostra do que os baianos ainda não sabem ou não lembram sobre ele:

    http://www.youtube.com/watch?v=spuPD_WLFUg&feature=player_embedded

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  2. Ele tem mais é que criticar mesmo, pois assim pode tentar transparecer que o PMDB não estava aliado ao governo. Esse distanciamento de Geddel ao Governo é uma tentativa da candidatura dele respirar um pouco de "oxigênio" e tentar mostrar para os seus coligados que tem chances de ganhar a eleição.Geddel não irá emplacar. O principal candidato a oposição é Paulo Souto. Todavia, quando ele tinha a máquina na mão e a influência de vários prefeitos, não conseguiu vencer a eleição passada, será que teria chances nessa eleição. Entendo que tivemos muitos problemas no governo Wagner, mas que não foram criados nesse governo. Discutir que a violência em Salvador e na Bahia surgiu nesse governo é ser infantil demais. Os problemas estão sendo resolvidos em várias áreas e com relação a violência vejo que é mais uma questão de "sistema" do que algo local. É preciso associar medidas emergenciais às transformações estruturais. Há um investimento alto em Educação Profissional, isso, a longo prazo, possibilitará o aumento das oportunidades de trabalho para a classe mais pobre e o fortalecimento de nosso Estado.
    Wagner ganhará novamente no primeiro turno. Porém, companheiros, é necessário estarmos dispostos a lutar para que a velha corja jamais volte ao poder na Bahia.

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  3. O geddel é o melhor dos candidatos a governador que a bahia tem em muitos anos. Ele fez mais como ministro da Integração do que o wagner , que tem nas maos toda a maquina administrativa do estado e nao faz nada. O Geddel no governo vai poder colocar o nosso estado de novo na rota de crescimento e desenvolvimento.

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  4. Fico feliz em ver uma entrevista como essa em que um candidato apresenta uma visão lucida e real da bahia, e não essa propagandas que o Wagner fica fazendo. Geddel, o meu voto é seu!

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  5. Bruno, parabéns pela entrevista. Vc conseguiu informações que muitos jornalistas de grandes jornais ignoram mas que são importantes para quem procura informação para decidir em quem vai votar. Por enquanto, eu voto 15!

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  6. Priscilla M. Ribeiro5 de abril de 2010 às 10:46

    tem gente que fica por aí atacando o Geddel mas se esquece de quem é o wagner. Quem não viu precisa ver esse video, que mostra a real personalidade do nosso governador: http://www.youtube.com/watch?v=0Hd7KQ9sOi8

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  7. Priscilla M. Ribeiro5 de abril de 2010 às 10:48

    Tem gente que fica falando mal do geddel mas se esquecem de quem realmente é o wagner. Quem não viu precisa ver esse video, que revelea a real personalidade do nosso governador: http://www.youtube.com/watch?v=0Hd7KQ9sOi8

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  8. Gostaria de agradecer os comentários de todos, e dizer que fico feliz em saber que de alguma forma venho ajudando a esclarecer algumas de nossas dúvidas...

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  9. Eu suponho que Gedel vai se candidatar nesta eleição não para conquista o cargo e sim para ficar mais conhecido na Bahia, para uma proxima eleição.

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