sexta-feira, 31 de maio de 2013

Paulo Azi diz que Balanço do Governo é anedotário



“O Balanço de Seis Anos do Governo Estadual é um verdadeiro anedotário”, afirma o presidente estadual do Democratas, deputado estadual Paulo Azi.  Segundo ele, a pseudo prestação de contas de Jaques Wagner não passa de uma boa coletânea de piadas.

O líder oposicionista destaca uma das pilhérias do Balanço de que “o setor agropecuário resistiu às dificuldades e demonstrou estar fortalecido para enfrentar as adversidades do clima, graças à consolidação das medidas de convivência com o semiárido implantadas nos últimos seis anos”.


“Isso só pode ser piada, porque, no próprio Balanço, está dito que, em todo este período, só foi feito o ínfimo investimento de R$ 7,9 milhões em irrigação”, observa Paulo Azi, ressaltando que essa cifra investida representa muito pouco para as necessidades de irrigação, um dos itens mais importantes para a produção no semiárido.

Reforma da Estação da Lapa começa em 15 dias



A ordem de serviço será assinada na semana que vem e prevê o conserto da escada rolante que dá acesso à Avenida Joana Angélica.

A prefeitura de Salvador vai investir R$ 1,6 milhão para realizar serviços de manutenção na Estação da Lapa, informou nesta quinta-feira (30) o prefeito ACM Neto. A ordem de serviço será assinada na semana que vem e prevê o conserto da escada rolante que dá acesso à Avenida Joana Angélica, melhoria dos banheiros, pintura de paredes, reforço da iluminação e revisão da parte elétrica. A expectativa é que as obras comecem ainda na primeira quinzena de junho. 
Os serviços serão realizados pela Superintendência de Conservação de Obras Públicas (Sucop).A reestruturação da maior estação de transbordo da cidade, por onde circulam quase 500 mil pessoas por dia, acontece antes do processo de concessão do espaço para a iniciativa privada, previsto para ser iniciado julho. “A concessionária vai reestruturar e gerir a Estação da Lapa por um período de cinco anos”, adianta Neto. Para isso, será realizado um chamamento público para que empresas interessadas se manifestem.

Depois, será feita a licitação. “A licitação deve acontecer entre agosto e setembro”, afirmou o secretário municipal de Urbanismo e Transporte, José Carlos Aleluia. Segundo ele, a ideia é  que se construa na estação mais espaços comerciais para tornar viável a sua operação. A despesa mensal coma Lapa é de R$ 500 mil. Já sobre a licitação para o transporte público, o prefeito informou que o edital está sendo finalizado. “Nossa ideia é que em breve, provavelmente até julho, a gente possa lançar o edital”, disse Neto. Ainda na quinta, além de participar da celebração do Corpus Christi, o prefeito esteve na Capelinha de São Caetano. Ali, avaliou a situação da Ladeira do Cacau, que fica perto de uma encosta cuja contenção está orçada em R$ 4,5 milhões. Neto pediu que a Secretaria de Infraestrutura e Defesa Civil atualize o projeto, pronto há dois anos e não executado.
Fonte: Correio da Bahia

Conselho comunitário de Pernambués integra luta para construção de passarela na Madeireira Brotas



Com uma luta de mais de 30 anos a comunidade de Pernambués espera com ansiedade a finalização do estudo para construção da passarela da madeireira Brotas por parte da Prefeitura de Salvador. A falta da mesma desencadeou ao longo de todos esses anos inúmeras manifestações por parte de entidades representativas do bairro, a exemplo da última sexta-feira (23) quando a Abrep como o apoio do Vereador Cláudio Tinoco mostrou mais uma vez que a construção se tornou o grande anseio da comunidade. Em virtude do apoio e da vontade do Vereador o Conselho Comunitário de Pernambués que tem como Presidente Genilson Geno e que é Suplente de Vereador, encaminhou na segunda-feira (27), ofício ao Prefeito ACM Neto reiterando o desejo unânime do bairro e por entender que a realização dessa importante obra garantirá a segurança dos moradores e trará enormes benefícios a quem transita no local, além de proporcionar uma maior fluidez no trânsito.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Segmentos avaliam como satisfatórios resultados da 5ª Conferência




As propostas a serem encaminhadas à Conferência Estadual das Cidades foram apresentadas e aprovadas na manhã desta terça-feira (28), segundo dia da 5ª Conferência Municipal de Salvador, realizada na Fundação Luis Eduardo Magalhães. Cerca de 50 proposições foram aprovadas de acordo com os temas propostos, que incluem a Participação e Controle Social no Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano (SNDU); Fundação Nacional de Desenvolvimento Urbano (FNDU); Instrumentos e Políticas de Integração Intersetorial e Territorial; e Políticas de Incentivo à Implantação de Instrumentos de Promoção da Função Social de Propriedade. À tarde, foram escolhidos os 57 delegados que vão representar Salvador na 5ª Conferência Estadual, em agosto próximo.

O presidente da conferência e subsecretário municipal de Urbanismo e Transporte (Semut), Orlando Santos, lembrou que durante o encontro todos os segmentos puderam apresentar suas ideias, defendê-las e preparar seus desdobramentos para as conferências estadual e nacional. "É um momento importantíssimo para a cidade, levando à frente propostas para a melhoria do ambiente urbano, que é a extensão da casa de cada um". Pela primeira na conferência, Adilza Palma, 29 anos, espera que todas as proposições apresentadas sejam implementadas, fazendo valer a sua participação como delegada. "Estou otimista", afirmou.

Pluralidade - O representante da Comissão Preparatória, Edmundo Xavier, avaliou que o evento cumpriu o seu papel, possibilitando a participação dos vários setores que representam a sociedade civil de Salvador. "Observamos a pluralidade, no conteúdo das propostas e na composição dos delegados, destacando a presença de um representante do segmento da pessoa com deficiência".  

"Esse é um momento de democracia", destacou Jupiraci Borges, presidente do Instituto Baiano da Paz, que atuou no segmento de Organizações Não Governamentais (Ongs). Ele ressaltou que a Prefeitura cumpriu seu papel, oferecendo infraestrutura e logística para a realização do evento. O encerramento ocorreu com uma plenária de apresentação dos delegados eleitos para a conferência estadual.

Prefeito determina horário para operação tapa-buraco




Por determinação do prefeito ACM Neto, todas as operações de manutenção asfáltica (tapa-buracos) realizadas em Salvador a partir desta quarta-feira (29) terão horários limitados para evitar transtornos no trânsito nos horários de "rush". Pela manhã, o prefeito pediu ao superintendente Batista Neves (Conservação e Obras Públicas) que os trabalhos sejam realizados somente das 9h30 às 16h30.

 "As obras são essenciais para dar conforto aos motoristas e porque a malha asfáltica da cidade está vencida há muitos anos. Com o horário estabelecido pelo prefeito, a prefeitura não colocará nenhum funcionário nas ruas e avenidas para tapar-buracos nos horários de "rush" (das 7 às 8h30 e das 17h às 19h)", afirmou o superintendente.

Mais um vexame no PIB. Culpa de quem?




Depois da inacreditável lambança envolvendo os boatos do fim do programa Bolsa Família e a tentativa de culpar a oposição, o governo esperava com ansiedade a manhã desta quarta-feira.

A expectativa era de que o resultado do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre a ser divulgado pelo IBGE chegasse a 1%. O valor esperado não se apresentava como grande coisa, mas seria algo diferente da maré de notícias ruins na administração.

Mas os números da economia voltaram a decepcionar. Segundo o IBGE, o crescimento do primeiro trimestre foi de apenas 0,6% em comparação com os três meses imediatamente anteriores.

Em um ano, a economia brasileira cresceu apenas 1,2%, o que nos mantém na lanterninha dos países latino-americanos e em desenvolvimento.

O embaraço só não foi maior porque a agropecuária avançou 9,7% no período. Uma ironia e tanto. O agronegócio, além de ser tratado com desconfiança pelo Partido dos Trabalhadores, sofre com a péssima infraestrutura do País.

Devido à falta de ferrovias, carência de hidrovias, rodovias intransitáveis e portos obsoletos, o Brasil talvez nem mesmo consiga exportar toda a safra deste ano, a maior de todos os tempos. Por falta de armazéns, toneladas de grãos serão simplesmente desperdiçados.

Frente ao primeiro trimestre de 2012, a agropecuária avançou fenomenais 17%, devido ao desempenho da safra de produtos como soja (23,3%), milho (9,1%), fumo (5,7%) e arroz (5,1%). O que seria do Brasil se não fosse o empreendedor do campo?

A indústria brasileira segue em sua melancólica decadência na era PT: recuou 0,3%. Já os serviços expandiram-se 0,5%.

Um dado que com certeza preocupa um governo que pensa em popularidade e ganhos eleitorais em primeiro lugar, por sorte, manteve o crescimento: o consumo das famílias. Esse índice se elevou pela 38ª vez consecutiva, apontaram os dados do IBGE, avançando 2,1%.

Na balança comercial, mais um passo para o desastre: as importações cresceram 7,4% e as exportações recuaram 5,7%.

O sonho de todos de ver o Brasil crescer mais de 3% este ano está ameaçado. Os números têm mostrado que o País começou a pagar caro pela inépcia de uma administração de 39 ministérios ficando folclórica pelo bater de cabeças entre os titulares da pasta.

Deve haver um cérebro dentro do governo pensando em como jogar a culpa da alta do PIB na oposição. Cuidado com o twitter, ministra Maria do Rosário!

Fonte: Assessoria Democratas

Paulo Souto compara avaliação do governo com a da Faeb sobre a seca




“Propaganda e mistificação”. É o que conclui o ex-governador Paulo Souto quando compara o texto edulcorado sobre a seca do Balanço de Seis Anos do Governo do Estado com a avaliação técnica da Federação de Agricultura do Estado da Bahia (Faeb) sobre as consequências da estiagem no território baiano.

“Enquanto o Governo do Estado afirma em seu compêndio de ilusões que o alto investimento na oferta de água minimizou os efeitos da seca e a estratégia de convivência com o semiárido se tornou uma realidade em nosso estado, classificando de estruturantes a construção de cisternas, a Faeb expõe a realidade de um prejuízo de R$ 4,6 bilhões ao setor agropecuário e a queda de 9% do PIB do segmento em 2012”, diz Souto.

Para ele, o Balanço do Governo contraria totalmente os fatos apresentados pela Faeb, que calcula entre cinco a 10 anos para a recuperação dos prejuízos. “Apesar da morte de mais de 800 mil bovinos, perdas de 60% da produção de café, 70% de leite e 90% da colheita de feijão e milho, o Governo do Estado diz que 'o setor agropecuário resistiu às dificuldades da seca e demonstrou estar fortalecido para resistir as adversidades do clima, graças à consolidação das medidas de convivência com o semiárido implantadas nos últimos seis anos'”.

Deixa estupefato o ex-governador Paulo Souto a mistificação produzida pelo Governo do Estado no Balanço de Seis Anos. “Para o governo, ninguém perdeu a produção, o rebanho não foi dizimado, os projetos de irrigação não tiveram o suprimento de água suspenso, não houve racionamento para o abastecimento humano, porque, pelo jeito, o que vale não é a realidade, mas a propaganda”.

terça-feira, 28 de maio de 2013

ACM Neto anuncia intervenções para melhoria do trânsito



O prefeito ACM Neto, o secretário municipal de Urbanismo e Transporte, José Carlos Aleluia, e o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller, apresentaram hoje (29), em coletiva de imprensa no Palácio Thomé de Souza, mudanças planejadas no trânsito de Salvador, com medidas a serem tomadas a curto, médio e longo prazo. As principais intervenções acontecerão nas avenidas Joana Angélica, Paulo VI, Octávio Mangabeira, Rótula do Abacaxi, Tancredo Neves, Paralela, além da Rua Chile. Também fo a regulamentação da carga e descarga e circulação de veículos pesados, em decreto ainda a ser publicado.

O decreto prevê restrição do trânsito nas Zonas de Restrição de Carga e Descarga (ZRCD) e Áreas de Restrição a Circulação (ARC). A carga e descarga serão proibidas de segunda a sexta-feira, das 6h às 21h, e aos sábados, até as 14h. Aos domingos e feriados, estarão liberadas. Já a circulação de caminhões grandes, veículos urbanos de carga (VUC), que são aqueles com largura até 2,20m e comprimento de 6,50m, e dos caminhões porta-contêineres estará proibida de segunda a sábado, das 6h às 10h, de segunda a sexta-feira, das 17h às 20h, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 20h. A proibição de circulação vale também para a orla.

A Prefeitura também estuda a contratação de empresas para o monitoramento do trânsito de Salvador, que serão credenciadas e treinadas pela Transalvador. A medida prevê o monitoramento em áreas como escolas e onde estejam sendo realizadas obras viárias ou grandes eventos. Essas empresas, no entanto, não terão poder de fiscalização, que continuará sendo feita pela Prefeitura. O objetivo é dar apoio operacional no controle e monitoramento, garantindo resposta rápida em situações emergenciais.

Região do Iguatemi – Na Avenida ACM, a Transalvador vai reforçar a sinalização horizontal em frente ao Bradesco, no cruzamento entre a avenida e a Paulo VI, em frente ao Parque da Cidade, Petrobras e Hotel Fiesta, reforçando a proibição de obstrução do cruzamento. A região do entorno também será beneficiada com a construção de duas passarelas: uma na Avenida Tancredo Neves, em frente ao Shopping Sumaré, com obras já em andamento, e outra em frente à Madeireira Brotas, que custará cerca de R$3 milhões com recursos assegurados. A região também vai receber semáforos inteligentes que vão melhorar a trafegabilidade, especialmente em horários de pico.

Centro – Na Avenida Joana Angélica, a Transalvador vai melhorar a fluidez do tráfego com a implantação de duas faixas de trânsito no sentido do Campo da Pólvora, e uma no sentido da Piedade, medida que será tomada baseada em estudos técnicos sobre o volume de carros que passam diariamente pelo local. Para permitir a mudança, será proibido o estacionamento ao longo da avenida. Ainda no Centro, será feita alteração no tráfego da Rua Chile no sentido Pelourinho, valorizando o acesso ao Centro Histórico.

Avenida Paulo VI e orla – Será implantado um sentido único para carros e caminhões para quem segue para o Caminhos das Árvores. No sentido inverso, para a orla, será implantada apenas uma via exclusiva para ônibus, mantendo o atendimento dos transportes coletivos na região. Já na Octávio Mangabeira, será colocada uma faixa solidária no contrafluxo no período da manhã, que vai poder ser utilizada por veículos de pequeno porte num trecho de aproximadamente 4,8km entre Piatã e Boca do Rio, no sentido Centro.

Bonocô e Rótula do Abacaxi – Na Avenida Bonocô, a Transalvador vai melhorar a fluidez do tráfego realocando o ponto de ônibus próximo ao acesso à Avenida ACM e BR-324 para o local em frente ao posto Mataripe. A mudança vai permitir que os ônibus parem no ponto sem afetar o fluxo na via principal. Na Rótula do Abacaxi, a Transalvador avalia, junto com a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder), responsável pelas obras, relocar pontos de ônibus no sentido da Avenida Bonocô.

Estação da Lapa – Está pronto e será encaminhado nos próximos dias para a Câmara de Vereadores um projeto de lei que propõe a concessão da Estação da Lapa para a iniciativa privada. ACM Neto destacou, na ocasião, que não se trata de privatização. Será aberto um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) e a Prefeitura ainda garantirá uma outorga para a empresa vencedora da licitação. Até o procedimento ser finalizado, o local passará por serviços de impermeabilização, drenagem, pintura, reforma dos banheiros, programação visual, entre outras ações que vão melhorar as condições da estação.


Segundo o prefeito, as medidas foram amplamente estudadas pelos técnicos da Transalvador e, algumas serão colocadas em prática em fase de teste, podendo ser reavaliadas caso não se alcancem os objetivos almejados. “Algumas medidas, como a implantação das cinco faixas na Avenida Paralela, que será sinalizada dessa forma após o recapeamento da via, são definitivas, assim como a construção das passarelas na Avenida Tancredo Neves e em frente à Madeireira Brotas. Mas outras, como as que preveem mudanças no fluxo nas Avenidas Joana Angélica e Paulo VI, serão colocadas em prática, mas podendo ser revistas. O que não podemos fazer e ver a situação como está e ficarmos imobilizados”, afirmou.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

ENTREVISTA: ACM Neto, prefeito de Salvador

 


Embora considere "precipitada" o que chama de "antecipação" da disputa presidencial, o prefeito ACM Neto (DEM) se diz aberto a dialogar com todas as correntes que postularem o Palácio do Planalto em 2014. Apesar da ligação com o grupo que se opõe ao atual governo federal, em entrevista exclusiva ao Bahia Notícias, o gestor soteropolitano declarou que o seu apoio não está definido  para uma eventual candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG). "Evidentemente que eu tenho uma história, eu tenho amigos e eu tenho um ambiente político no qual me forjei. Tudo isso vai ser pesado, mas eu não posso me negar a conversar com ninguém", avisou, ao não descartar dialogar com tradicionais adversários e até mesmo subir no palanque da presidente Dilma Rousseff e do PT: "Quando eu digo 'com ninguém', é com ninguém". Mesmo cotado à sucessão do governador Jaques Wagner, ele utiliza o argumento de que um ano e três meses é pouco tempo para promover a transformação que pretende na cidade e de que quer "colher os frutos" do seu trabalho para reiterar que não será candidato, mesmo que haja clamor popular."Não há hipótese", resumiu. Sobre a sua administração, o democrata fez um balanço dos 150 primeiros dias no comando da capital baiana, minimizou a greve de parte dos servidores municipais, falou das dificuldades financeiras e, mesmo assim, anunciou projetos impactantes. Entre eles, o de requalificação da orla, o reordenamento dos ambulantes, a "redefinição" da Guarda Municipal, que será armada, bem como intervenções no trânsito, a exemplo da criação de uma quinta faixa na Avenida Paralela e o retorno este mês da Lei de Carga e Descarga, além da concessão da Estação da Lapa. "Continua sendo propriedade da prefeitura, mas vai ser explorada pela iniciativa privada. Vai ter um novo empreendimento ali, de elevadíssimo porte, que vai transformar a Lapa na mais moderna estação de ônibus do Brasil", apostou. Em relação às polêmicas, Neto revelou que a reforma tributária terá cerca de 40 emendas – inclusive a remoção da cobrança do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) nas incorporações imobiliárias – e disse que estabeleceu um "altíssimo nível" na relação do Executivo com a Câmara de Vereadores. Quanto ao pedido de concessão judicial para realizar obras para a Copa do Mundo, ele afirmou que vai cumprir a determinação do desembargador José Edivaldo Rotondano, mesmo que seja mantido o caráter deliberativo do Conselho das Cidades, que pode atrasar a conclusão de algumas intervenções. A respeito do programa Alfa e Beto, cuja suspensão foi requerida pela promotoria estadual, ele pede que o Ministério Público aguarde um ano para que as avaliações dos estudantes sejam comparadas. "Um compromisso eu posso assumir com a cidade, com a responsabilidade de prefeito. Se o programa não der resultados, se na avaliação os alunos não demonstrarem um bom desempenho, a gente elimina o programa", prometeu.

Bahia Notícias – Como o senhor avalia os cinco primeiros meses à frente da prefeitura de Salvador? Falou-se em algumas mudanças em 100 dias e já estamos com 150. Quais são as principais conquistas que o senhor pode enumerar?

ACM Neto Conforme nós já havíamos antecipado, seja na campanha, seja no período de transição, seja na solenidade de posse, a primeira tarefa é arrumar a casa. Nós encontramos uma prefeitura com muitos problemas: problemas administrativos sérios, problemas financeiros gravíssimos e, evidentemente, esse conjunto de problemas se reflete no dia-a-dia da cidade, na prestação dos serviços essenciais do município. Nos primeiros dias de governo, nesses primeiros quatro meses, nós procuramos começar a mudar a cultura de governança da cidade, ter um novo padrão de contorno administrativo e promover o ajuste orçamentário essencial para o equilíbrio das contas públicas. Aí, é claro que a aprovação desse conjunto de medidas tributárias vai ter  um peso muito importante também nesse contexto, afinal de contas é o que vai permitir que a cidade tenha uma outra perspectiva de arrecadação a médio e longo prazos. Conseguimos melhorar já alguns serviços, a exemplo da limpeza, a cidade estava muito suja e foi feito um grande esforço nessa direção. Estamos agora esperando que se passe esse período de chuvas  em definitivo para começar um processo consistente de recuperação da malha asfáltica. Eu já assegurei R$ 30 milhões até o mês de junho e eu espero acrescer a esses recursos mais um outro volume para o segundo semestre, o que vai permitir não apenas o tapa-buracos, mas também a obra mais consistente de recuperação asfáltica, ou seja, a fresagem e a recomposição do pavimento da cidade, que é muito importante. Nós estamos em um processo gradativo de colocação de médicos nos postos de saúde, para que todas as unidades do Município possam ter funcionamento pleno. Nós recebemos a área de saúde com 12% de cobertura do [Programa de] Saúde da Família. Nós já temos, nesse momento, 19% de cobertura e queremos chegar, até o fim do ano, a 27% de cobertura, ou seja, mais do que o dobro. Demos uma série de ordens de serviço para reformas de unidades de saúde, construção de novos postos e de novas unidades de pronto-atendimento, as UPAs, que vão funcionar atendendo à urgência e emergência. No setor do trânsito, começamos um processo de organização e, esta semana, eu vou apresentar um conjunto de ações que vão ser realizadas agora, de imediato, no trânsito de Salvador, que vão ter impacto, no que eu chamo de ações de engenharia e inteligência de tráfego. Nós conseguimos, nesse período, implantar o "Domingo é Meia", que foi uma outra iniciativa com elevado impacto popular. Nós conseguimos enfrentar problemas que eram verdadeiros esqueletos que estavam no armário e que exigiram tempo e dedicação pessoal do prefeito. Por exemplo, a solução para o metrô, que nós conseguimos apresentar à cidade em quatro meses de governo, algo se estendia há 12 anos. O problema do PDDU [Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano], que estava judicializado, com todo um conflito entre prefeitura e Ministério Público, e nós conseguimos chegar a um entendimento para que pudesse ser desjudicializado e a cidade tivesse o seu caminho normal de retomada do setor imobiliário, que é decisivo para a nossa economia. Nós avançamos muito em relação ao Projeto Orla, e eu diria que está bem maduro e aguarda apenas a decisão da Justiça Federal. Mas eu tenho toda a confiança de que [a decisão] sairá em breve para permitir o desenvolvimento do projeto. Nós vamos apresentar agora, no início de junho, o conjunto das nove intervenções que vão ser feitas na orla de Salvador, detalhando esse projeto, o que vai permitir uma requalificação urbana da orla e a reimplantação de equipamentos. Não é na lógica daquelas conhecidas barracas de praia, mas são novos equipamentos modernos, que vão oferecer serviço e oportunidade para o soteropolitano e para o turista ter a orla de Salvador como elemento de lazer. Desse conjunto de intervenções na orla algumas já começaram, a exemplo da Boca do Rio, outras vão ser dadas ordens de serviço agora, como na Ribeira, e as nove intervenções vão estar concluídas antes da Copa do Mundo, inclusive a da Barra, que é a mais substantiva de todas elas. Além disso, uma série de outras ações pontuais, em diversas secretarias, como o início da implantação do programa Aluno em Tempo Integral. Nós temos seis escolas funcionando em tempo integral. Já concluímos o projeto dos centros de educação integral, que vão ser centros mais amplos, e estamos agora iniciando o processo de licitação para esses centros. Enfim, são muitas coisas.

BN – Então, dá para ver que mudou?

ACM Neto
 Eu acho que sim. Sobretudo, eu acho que a cidade já respira um novo momento. Percebe que existe um poder constituído, que faz valer a sua autoridade. E mais do que isso: eu acho que há uma compreensão da população de Salvador de que as coisas não vão acontecer da noite para o dia. Eu gosto sempre de dar esse exemplo: quando a gente vê o buraco na rua, na verdade, ele é o último elemento de uma cadeia de coisas que acontecem até o buraco existir na rua e essa cadeia de coisas precisa ser enfrentada. O enfrentamento passa pelo quê? Pela reorganização administrativa e, obviamente, pela saúde financeira do Município. Então, desde o começo, eu procurei não estabelecer prazo para as coisas, exatamente com o objetivo de mostrar que eu não segui o caminho mais fácil, mas sim o necessário. Tenho certeza que, com a aprovação desse conjunto de medidas tributárias, com os projetos que nós estamos encaminhando ao governo federal para obter financiamento e apoio federal – são três grandes projetos estruturantes que estão sendo discutidos com o governo federal que, no momento oportuno, serão divulgados à cidade (risos) – e com as parcerias público-privadas, que nós já começamos a desenhar aqui e que vão ser viabilizadas a partir do momento em que os ativos da prefeitura possam ser dados em garantia para essas PPPs, com essas três grandes vertentes, Salvador, nos três próximos anos, pode ter uma perspectiva de alavancar recursos que superam a casa dos R$ 6 bilhões. Entre recursos públicos e privados. Aí sim, nós vamos ter os projetos transformadores, nós vamos ter as ações que vão ter impacto a médio e longo prazo na cidade. Estou absolutamente convencido que o caminho é esse. É claro que tudo isso depende de tempo, depende de foco, depende de energia concentrada e dedicada para que esse caminho seja alcançado, mas nós vamos chegar lá.

BN – Atualmente, a gente tem uma greve dos servidores municipais. Queria saber em que pé estão as negociações. Há possibilidade aumento ou realmente vai ser 0%, como os sindicatos têm reclamado? Ainda dentro desse contexto, queria que o senhor comentasse as declarações de dirigentes do Sindseps que se queixam de que eles seriam o único sindicato a ter legitimidade para conduzir as negociações e reclamam de outras entidades que fazem parte da mesa.

ACM Neto Bom, o que é que nós fizemos? Inclusive, isso foi objeto de um dos decretos que eu assinei no dia 2 de janeiro. Nós montamos uma mesa permanente de negociações. Para quê? Para garantir que esse não seja um debate de um ano. Eu quero fazer um debate de quatro anos. Eu quero ter uma política de valorização do servidor. Essa é uma política do meu governo. Então, essa mesa está posta e é uma mesa que garante um debate amplo, democrático e participativo. Eu não vou opinar sobre eventuais disputas que existam entre sindicatos. Pelo contrário, espero que essas eventuais disputas não prejudiquem o interesse maior do servidor. Segundo, nós iniciamos o diálogo um dia, cinco dias depois o sindicato decreta uma greve, que eu não tenho dúvida: foi uma greve precipitada. Até porque, eles [grevistas] não ouviram de nenhuma autoridade da prefeitura que não seria dado reajuste. Isso não foi dito. Eles apresentaram uma pauta de 100 itens e nós estamos discutindo essa pauta. O que é que eu registro? Que houve uma precipitação do sindicato, no momento em que decretou a greve, e essa precipitação resultou em uma baixíssima adesão. Você pode ver nos órgãos da prefeitura que a maioria esmagadora dos servidores estão trabalhando. Por quê? Porque você tem a compreensão de que não se pode esgotar uma negociação em uma semana. Da mesma forma, e eu registro isso, também há uma compreensão do servidor desse momento extremamente difícil que vive a prefeitura. Tem um dado que eu considero muito relevante. Nesse ano, o aumento de pessoal, na nossa folha, significa 24% se comparado ao ano de 2012. Ou seja, a folha do pessoal do Município de Salvador é mais cara 24% do que foi em 2012. Eu estou pagando a conta de uma negociação que foi feita anterior a mim, mas que eu vou pagar. Eu tenho um déficit de pessoal de R$ 100 milhões. O que eu não posso fazer é ser irresponsável. Eu vou dizer aqui que vou dar um aumento e, quando chegar em dezembro, ficar sem pagar a folha? Não posso. Uma premissa fundamental do nosso governo é ajustar as nossas despesas às receitas. O que eu quero fazer é discutir essa pauta dos servidores, verificando o que pode ser concedido este ano, e sobretudo sinalizando essa política de valorização, que vai dar à prefeitura uma margem muito maior a partir do segundo ano. Por quê? Porque a partir do segundo ano nós, depois de termos esse conjunto de medidas implementadas e com a elevação da receita do Município, vamos ter uma folga maior para conceder reajustes e benefícios aos servidores. Então, este ano, nós vamos apresentar uma proposta, não há dúvidas. Ela vai ser, digamos, um começo de política de valorização, que eu quero que seja de quatro anos. Agora, eu não posso desconsiderar as sérias restrições orçamentárias e financeiras que existem hoje no Município e, sobretudo, esse impacto de 24% a mais na folha e o déficit de R$ 100 milhões que eu tenho de equacionar.

BN – Esse número subiu, exatamente, de R$ 1,53 bilhão para R$ 1,9 bilhão por ano. O prefeito ACM Neto tem um orçamento de R$ 4 bilhões este ano, ou seja...

ACM Neto
 Quase metade do meu orçamento está comprometido com pessoal.

BN – Pois é, como resolver essa questão? Como o senhor pensa em reduzir essa folha? Porque a arrecadação a gente sabe que tem dificuldade de aumentar se não forem implementadas essas medidas.

ACM Neto O que nós estamos fazendo? Primeiro, a prioridade é elevar a receita para que esse impacto seja menor do que é hoje. Segundo, nós estamos fazendo um esforço grande de revisão dos contratos terceirizados da prefeitura. Nós vamos, inclusive, em breve, apresentar toda uma nova disciplina para a terceirização de serviços no Município de Salvador, o que vai resultar em mais economia e, portanto, em um peso menor desse item 'terceirizados' no nosso orçamento. Nós conseguimos, no primeiro quadrimestre, economizar com a chamada despesa de custeio, ou seja, nós conseguimos economizar com a máquina. Se eu não tivesse economizado com a máquina, eu não teria equilibrado o orçamento nesse começo de governo e aí esse déficit de R$ 100 milhões seria impossível de ser equacionado. O meu esforço é reduzir despesa e tentar de alguma maneira elevar a receita, o que não aconteceu até agora e só poderá acontecer na medida em que a gente aprovar a reforma tributária. Evidentemente, fazer tudo isso discutindo novos benefícios para o servidor e, não só, mas contratando mais gente. Porque você tem escola sem professor, você tem ainda posto sem médico e tudo isso demanda o quê? Contratação. Contratação significa o quê? Aumento ainda maior do peso de pessoal nas contas do Município. Não tem jeito. É reduzir despesas com custeio, que é o que nós estamos fazendo, e aumentar receita, que é o principal esforço da prefeitura.

BN – O senhor espera ter uma dificuldade muito grande para aprovar essa reforma na Câmara? Porque, assim, só fazendo uma observação, a relação com o PTN teve um estremecimento. Os vereadores da bancada...

ACM Neto Me desculpe, mas agora a relação com o PTN agora está melhor do que nunca.

BN – Mas os vereadores pressionaram e chegaram a chantagear...


ACM Neto
 Não é verdade...

BN – Não chegaram a pressionar o secretário [João Carlos Bacelar] a deixar a pasta?

ACM Neto Não é verdade. Eu acho que existe muito folclore, existem muitas informações que são plantadas na imprensa. Isso faz parte do meio político. Não é a primeira e nem será a última vez. Eu, quando assumi, procurei primeiro levar uma mensagem aos vereadores de que toda a minha trajetória foi na política. Eu fui forjado no parlamento. Dez anos como deputado federal. Então, eu sou um homem da política. Agora, é claro que o modelo de relação com a Câmara tem que seguir padrões que sejam elevadíssimos para a Câmara e para a prefeitura. Disso eu não abro mão e percebo que há uma compreensão dos vereadores. Ter queixa é normal. Elas sempre vão existir, sobretudo no início de uma administração onde as coisas têm todo um processo de acomodação e ajustamento. Eu acho que essa fase, digamos, mais evidente de queixas foi superada. Eu entendo que a nossa base está muito bem organizada na Câmara de Vereadores, mas sobretudo acho que há uma compreensão do Legislativo de que essa reforma é decisiva para o futuro de Salvador. Está nas mãos da Câmara agora decidir que futuro quer para a cidade de Salvador. Essa não é uma reforma boa só para a gestão do prefeito ACM Neto. Ela será essencial para qualquer prefeito que suceda a minha administração. Inclusive, lamento ver setores da oposição radicalizando contra a reforma. A política é cíclica. Amanhã pode ser um prefeito de um partido de oposição que vai pegar uma cidade com uma base muito melhor. O que é que a gente enxerga? A população não aguenta mais viver refém de uma realidade de uma prefeitura quebrada e o que é que nós estamos propondo? Estamos propondo arrecadar sem aumentar imposto, ou seja, fazer pagar quem deve. Essa é a lógica da nossa reforma. Eu acho que a Câmara tem essa compreensão. Nós dialogamos desde o começo. No dia em que eu apresentei a reforma, eu convidei os vereadores primeiro para conhecê-la. O secretário da Fazenda [Mauro Ricardo Costa] já foi três vezes à Câmara debater o assunto e nós deveremos acatar cerca de 40 emendas que já foram sugeridas pelo Poder Legislativo. Mudanças vão ser feitas no texto. Muitas delas brotaram de demandas de entidades com representação na sociedade. Eu, aqui, recebi pessoalmente cada uma dessas entidades: Fecomércio, Fieb, Associação Comercial, Ademi, OAB, Abav, Abap. Enfim, todas as entidades que se dirigiram com pleitos foram recebidas, as suas solicitações foram examinadas e nós vamos ter alterações em conjunto com a Câmara, porque esse é o poder realmente do Legislativo, que é aperfeiçoar o projeto do Executivo.

BN – Um dos pontos criticados na reforma tributária por advogados e empresários foi a cobrança de 5% de ISS sobre incorporações imobiliárias, que teria ficado subentendida no texto. Além disso, Victor Ventin, da Fieb, disse que o projeto era um "cheque em branco", o especialista em direito tributário, Marcelo Nogueira Reis, previu uma "guerra judicial" com a prefeitura e o vereador Edvaldo Brito (PTB), que é tributarista, chegou a falar que o projeto tinha "viés autoritário". Recentemente, a OAB informou ao Bahia Notícias que houve um compromisso do prefeito de mudar o texto. Isso vai acontecer?

ACM Neto A emenda da OAB foi acatada da mesma maneira que há uma tendência, e eu não quero antecipar isso porque precisa ser conversado com a Câmara, de que a gente suprima do texto o ISS sobre as incorporações. Esse é um assunto que está bem avançado e deve ser um dos objetos de negociação e entendimento para a aprovação da reforma. Agora, vi muitas declarações nesse período genéricas. Todo mundo que quis discutir pontos específicos da reforma e que trouxe sugestões concretas de mudança do texto teve a sua resposta, ou de porque não podia [alterar] ou acatamento da prefeitura da sugestão que foi colocada.

BN – Eu queria voltar a um ponto ainda sobre a relação com a Câmara. O senhor comentou que a relação tinha que ser em "altíssimo nível". Tinham vereadores na gestão anterior que cobravam cargos de merendeira, porteiro etc. Eu queria comparar para saber se houve mudança no comportamento dos vereadores com o Executivo.

ACM Neto Eu prefiro evitar comparações com o que acontecia no passado. Até porque, eu não estava na prefeitura. Eu prefiro falar do presente e do futuro, de uma relação, como eu disse, de altíssimo nível que vai ser estabelecida do Executivo com o Legislativo. Antigamente os vereadores não tinham o tempo necessário para o debate, as condições necessárias para trazer sugestões sobre as matérias e para discutir. Tanto que muito se legislava por emendas. Boa parte dessas emendas era do Executivo e os vereadores eram apenas instrumento delas. Agora não. Nós estamos chamando para que desde o começo os vereadores possam construir. Recebi aqui vários vereadores. O vereador Edvaldo Brito, por exemplo, quantas vezes esteve comigo e o secretário da Fazenda discutindo alterações no texto? E fruto de sugestões trazidas por ele o texto vai sofrer alterações. Não só ele, mas vários outros vereadores. Eu acho que essa é uma mudança significativa nesta relação.

BN – Partindo da relação com a Câmara para o PTN, ainda, que é a esfera da Secretaria de Educação. O Ministério Público recomendou a suspensão do programa Alfa e Beto e o secretário João Carlos Bacelar disse que vai tentar convencer a promotora Rita Tourinho em relação à importância da aplicação do programa. Teve algum avanço em relação ao diálogo entre a prefeitura e o Ministério Público?

ACM Neto Primeiro, é importante frisar que o programa Alfa e Beto foi adotado a partir de uma pesquisa minuciosa que eu, o secretário João Bacelar e a subsecretária Tereza Pontual, que inclusive teve a experiência no Rio de Janeiro, fizemos no Brasil do que é que estava trazendo melhor resultado em termos de incremento de aprendizado para os alunos. Isso foi o que motivou a decisão pelo programa Alfa e Beto, que é um programa estruturado de ensino. Segundo, nós tornamos facultativa à rede [municipal de ensino] a aplicação deste programa. Os professores que quiseram aderir, aderiram, e os que não quiseram aderir continuaram tendo a alternativa de usar o programa do governo federal. Terceiro ponto, o que é que nós estamos propondo ao Ministério Público? Que aguarde a avaliação dos resultados da implantação do programa e um compromisso eu posso assumir com a cidade, com a responsabilidade de prefeito. Se o programa não der resultados, se na avaliação os alunos não demonstrarem um bom desempenho, a gente elimina o programa.

BN – Esses resultados seriam anuais. No caso, o Ministério Público teria que aguardar um ano... 

ACM Neto Sim, até porque a secretaria vai agora implantar um programa de avaliação bimestral da rede, e isso vai valer para os quatro anos do período administrativo. Além dessa avaliação bimestral, você tem a avaliação do Ideb, que é uma avaliação do governo federal.

BN – Aí seria avaliado de forma diferente?

ACM Neto Todos os alunos da rede vão ser avaliados, os que estão no programa e os que não estão no programa.

BN – Aí haverá uma comparação?

ACM Neto Aí você vai ver. Se um aluno partiu de uma base em que a média dele era 2, se a média dele passou a ser 4, ele teve avanço. Se ele tinha uma média 4 e passou a ser 5 ou 6, então ele vai ser avaliado a partir de uma base que ele tinha e verificando aonde ele pôde chegar.

BN – Ainda sobre o Ministério Público, mas mudando de assunto, houve um acordo com o procurador-geral de Justiça, Wellington César Lima e Silva, e foi apresentado ao desembargador José Edivaldo Rotondano um pedido de concessão de alguns pontos da Louos [Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo] e do PDDU para que a prefeitura possa executar algumas obras para a Copa do Mundo. Agora, ficou de fora o Conselho da Cidade. Com o PDDU aprovado em 2012 subjúdice, o plano de 2008 é o que está valendo e tem lá que o colegiado é deliberativo, ou seja tem poder de decisão sobre determinadas intervenções. O prefeito concorda que o Conselho da Cidade seja deliberativo ou ainda vai solicitar mais alguma medida para que a agilidade dessas obras não seja "atrapalhada"?

ACM Neto Nós vamos aplicar exatamente o que está valendo na lei. Eu sou obrigado a cumprir a lei. E qual vai ser o contorno disso? Vai ser a decisão do desembargador. Somente a decisão do desembargador, que determina a modulação, é que vai dar clareza do que é que está valendo do PDDU de 2008, do que é que está valendo, aliás, dos dois PDDUs de 2012 [também PDDU da Copa]. A partir do pronunciamento do desembargador, nós vamos cumprir a lei.

BN – Na passagem da CTS  [Companhia de Transportes de Salvador] para o governo do Estado, ficou acordado que a Estação da Lapa ficaria com a prefeitura. Nós recebemos muitas reclamações de usuários de que o equipamento aparentemente sofreria riscos e as pessoas ficam intranquilas em utilizá-lo. Quando haverá uma intervenção na Estação da Lapa?

ACM Neto Na última terça-feira (21), eu fiz uma reunião com a Secretaria de Urbanismo e Transporte. Nesta semana vamos apresentar um plano emergencial para a Lapa, que implica em intervenções de curto prazo, como limpeza, iluminação e reforço de segurança com a guarda municipal. Vamos fazer a vistoria nas alças da estação e estamos avaliando quanto custa a recuperação das escadas rolantes. Estou com o projeto quase pronto, que vai ser encaminhado para a Câmara de Vereadores, discutindo a concessão. Então, qual é a ideia? É a gente fazer a concessão, de imediato, da Estação da Lapa. Continua sendo propriedade da prefeitura, mas vai ser explorada pela iniciativa privada. Vai ter um novo empreendimento ali, de elevadíssimo porte, que vai transformar a Lapa na mais moderna estação de ônibus do Brasil.

BN – Para quando isso?

ACM Neto Então, o prazo é apenas o prazo de votação do projeto de concessões na Câmara de Vereadores e depois o prazo de fazer a licitação. Nós queremos mandar o projeto no mês de junho à Câmara. Aprovado o projeto de concessões, a gente pode de imediato fazer a concorrência e aí é o prazo da licitação. O meu desejo é que ainda neste ano de 2013 nós tenhamos concluído o processo de licitação, para que a gente possa ter o concessionário da Lapa identificado. Este concessionário vai ter obrigações de curto prazo, ele vai ter que chegar já fazendo uma mudança completa, e a nossa estimativa é de que serão necessários 18 meses para que a Lapa esteja completamente modificada.

BN – Ela vai fechar nesse período?

ACM Neto Não, ela não vai fechar. As obras vão acontecer concomitantemente, mas logo que se identifique um concessionário, ele vai fazer intervenções expressivas para dar qualidade total no serviço. E aí ele vai ter esse prazo de 18 meses, ou um pouco mais, para refazer totalmente a estação.

BN – Tem alguma novidade quanto a concorrência do transporte público?

ACM Neto Tem. Nós estamos na fase final. Nas últimas duas semanas eu fiz três reuniões para discutir o modelo da licitação. Ele já está bastante maduro e o meu desejo é que até julho este edital esteja na rua.

BN – Sobre o Elevador Lacerda, o senhor pensa em fazer um modelo de concessão semelhante ao da Estação da Lapa?

ACM Neto Ainda não há um pensamento nessa direção. Nós agora já demos a ordem de serviço para a recuperação do Plano Inclinado Gonçalves. Eu estou com a licitação para a recuperação do Plano Inclinado da Liberdade e já estamos fazendo a modernização das outras duas cabines do Elevador Lacerda que não haviam sido feitas. Nós temos duas cabines funcionando modernizadas e as outras duas cabines serão modernizadas agora.

BN – Em relação a mobilidade urbana, já que falamos em transportes, tanto o secretário José Carlos Aleluia quanto o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller, dizem que a Lei de Carga e Descarga volta ainda este mês.

ACM Neto Nesta semana eu apresento.

BN – A minuta do decreto está pronta, então? 

ACM Neto Está pronta.

BN – Quais são as novidades?

ACM Neto Nós procuramos validar isso com as entidades da economia de Salvador, porque não dá para você desconsiderar, mas você vai ter localidades da cidade com restrição de carga e descarga em determinados horários do dia e você vai ter também restrição até do trânsito de caminhões em determinados horários do dia, em certas regiões da cidade. Isso tudo vai ser detalhado esta semana.

BN – Na terça-feira, na coletiva que vai falar de intervenções no trânsito?

ACM Neto Das várias intervenções no trânsito, inclusive nesta intervenção. Aí nós vamos anunciar as passarelas que nós vamos construir, reorganização de vias, eliminação de semáforos...
BN – Vai haver inversão de fluxo? Fabrizzio quando esteve com a gente falou desta possibilidade.

ACM Neto Vai. Nós estamos faseando [fazendo por fases] as intervenções. Das intervenções importantes, nós vamos fazer o recapeamento da Avenida Paralela e implantar cinco em vez de quatro faixas. Essa é uma das novidades que vão surgir aí.

BN – A Guarda Municipal será armada quando? Foi uma promessa de campanha.

ACM Neto Nós estamos com um estudo já pronto. O coronel Edson passou todo esse tempo fazendo o estudo, que era necessário, e é provável que a gente redefina o papel da Guarda. Eu não posso antecipar isso porque eu preciso, primeiro, trabalhar dentro da corporação. Redefinido o papel da Guarda, o que vai permitir, inclusive, uma ampliação da presença da Guarda nas ruas, automaticamente a gente inicia o processo de treinamento, qualificação e armamento.

BN – Como está a situação da reorganização dos ambulantes, que havia uma polêmica em relação à desocupação das passarelas?

ACM Neto Começa agora na Avenida Sete. Nós já determinamos e a Desal vai fazer a obra. Nós vamos recuperar diversos espaços urbanos da Avenida Sete até a Lapa e vamos padronizar o comércio informal. Ou seja, nós vamos ter ambulantes e camelôs padronizados nesse novo espaço requalificado. O Sebrae vai entrar com cursos de melhoria na condição técnica de trabalho e a ideia é que eles possam se tornar microempreendedores: empreendedores individuais. Nós vamos começar pela Avenida Sete, mas em seguida nós vamos fazer na praça em frente ao [shopping] Iguatemi, na rodoviária, Rótula da Feirinha, em Cajazeiras, e Calçada.

BN – Na formação desse novo partido – o MD – voltou à tona um assunto que a gente tinha discutido no Bahia Notícias antes de o senhor ser eleito prefeito. O senhor disse que não seria candidato a governador se fosse eleito prefeito. A gente queria ouvir a garantia, 100%, de que o senhor não vai ser candidato a governador e que não adianta a oposição não conseguir se articular porque ACM Neto vai ser prefeito, pelo menos, nesses quatro primeiros anos.

ACM Neto Cem por cento. Não só porque dei minha palavra, e eu sou cumpridor das minhas palavras, mas principalmente porque os problemas de Salvador não serão resolvidos em um ano e três meses. Eu sempre coloquei isso de maneira muito clara e franca. Na verdade, tudo o que nós estamos fazendo vai ter impacto mais significativo a partir do fim de 2015 e começo de 2016. É o momento em que as coisas vão começar a se materializar. Os grandes projetos da prefeitura vão levar de 24 a 28 meses: o projeto viário que eu vou apresentar, que a gente está buscando financiamento com o governo federal, transforma inteiramente a cidade, atacando a principal artéria de congestionamento em Salvador; o projeto do Centro Administrativo [municipal, no Vale dos Barris]; o projeto da nova Estação da Lapa; o projeto social que nós estamos estruturando, que é uma outra coisa importante; a Linha Viva, que a gente quer fazer a concessão... Tudo isso vai existir, de fato, vai sair do imaginário, do projeto e da obra e vai se transformar em realidade, no final de 2015 e início de 2016, Então, eu não posso preparar toda essa base e não desfrutar dos resultados de um momento de muito sacrifício. Porque agora é desgaste, agora é dificuldade, agora é dizer não a muita gente, agora é ver o problema e não ter condições de resolver. Eu jamais faria isso.

BN – Vários aliados políticos seus dizem que o senhor seria o melhor nome e, inclusive, apontam pesquisas feitas no interior que comprovariam a tese. O deputado estadual Elmar Nascimento, líder da oposição na Assembleia Legislativa e um dos formadores do MD, fala que o senhor diz que permaneceria prefeito por uma vontade do povo, mas que o próprio povo mostraria, em pesquisas, que gostaria de ver ACM Neto como governador.

ACM Neto O fato é que essa hipótese não existe. Repito que o meu dever e a minha responsabilidade com Salvador é muito grande. Eu fui eleito em um momento de grande expectativa das pessoas. Não estou fazendo aqui um governo para jogar para a torcida. Podia estar fazendo um governo para jogar para a torcida. Podia estar fazendo um governo sem a preocupação de ajustar o orçamento, por exemplo. Podia estar fazendo um governo com várias medidas populistas, o que me permitiria chegar no ano que vem popularmente muito bem. Não. O meu caminho não é esse. O meu caminho é o de enfrentar dificuldades, de enfrentar as resistências, de comprar desgaste, até de perder popularidade para fazer o que tem que ser feito e colher o resultado disso no futuro.

BN – Quem o senhor acha, então, que seria o candidato da oposição para disputar o governo ano que vem?

ACM Neto Eu acho que é cedo para falar. Eu tenho dedicado muito pouco tempo para falar sobre política. Hoje eu estou muito assoberbado pela agenda administrativa e não tenho nem tido tempo para conversar com os meus colegas deputados, amigos e tal. Não tenho tido tempo para isso e há essa compreensão do mundo político de que eu realmente tenho que estar dedicado e concentrado nas coisas de Salvador. Agora eu acho que é cedo para especular. Eu acho que qualquer conversa sobre 2014 só vai começar a acontecer de maneira mais consistente a partir do fim do ano e início do próximo. Qualquer opinião que eu dê nesse momento sobre nomes, se eu entrar na fulanização, eu posso correr o risco de excluir alguém que seja uma alternativa concreta lá na frente. Este é o momento de eu me preocupar em governar a cidade.
BN – Mas, para a Presidência da República, todo mundo sabe da sua relação com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e os nomes estão postos. O senhor correria o risco de não apoiar Aécio em detrimento de uma candidatura à reeleição de Dilma Rousseff (PT) ou mesmo um projeto alternativo de Marina Silva ou Eduardo Campos (PSB)?

ACM Neto Bom, primeiro eu acho que é cedo para dizer que o cenário está definido. Pode ser que o cenário não esteja definido. Segundo ponto, há uma precipitação muito grande, uma antecipação, da eleição federal. Agora, eu, a priori, estou aberto a conversar com todo mundo. Eu acho que a política é feita de conversas. Não descarto a hipótese de dialogar com nenhuma das correntes que se colocarem como postulantes ao cargo de presidente da República. Evidentemente que eu tenho uma história, eu tenho amigos e eu tenho um ambiente político no qual me forjei. Tudo isso vai ser pesado, mas eu não posso me negar a conversar com ninguém.

BN – Até mesmo Dilma Rousseff e o PT?

AN – Quando eu digo 'com ninguém', é com ninguém.

Fonte: Bahia Notícias